quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Au Revoir, Brésil!

O Ano da França no Brasil e a perpetuação das poesias sobre a ilustração salvadora francesa
Ato de diplomacia que rege a bem fofucha relação entre o sono capitalista França e o es]terno exótico Brasil. O famigerado "Ano da França no Brasil" além de favorecer economicamente os orfãos de Bonaparte, ainda lança seus braços no mundo das artes Tupiniquim. É ideologia xarope de um lado e utopia babaca do outro, ou vice-versa.
Não tenho muito a falar além de minha experiência recente com duas das novas opções culturais criadas na NY dos trópicos: a cidade de São Paulo.
Dois eventos singulares que fazem gosto à nossas mais tapadas classes sociais: a alta classe burguesa, afrancesados desde o berço, ou a sempre vítima classe média, que sonham com a Cidade-Luz em suas férias e entopem nossas universidades com sua baixa cultura, sua política mostra, suas roupas alternativamente iguais e seus cigarettes que parecem saídos de um filme de Truffaut ou Gogard. Ressalto que não sou um tapado que pensa que o Brasil deve voltar a ser estritamente terra de índios e os brancos irem para a brasa. Isso, apesar de ser um bom ideal, não é para mim algo impraticável e não engrandeceria em nada a humanidade já tão acostumada a genocídios, e sabemos que a história não para e os brasileiros enquanto homens que fazem parte de um mundo divididos por fronteiras nacionais também não pararão.
Também não é xenofobia contra os franceses, que por sinal são ótimas pessoas, e tem muito a trocar conosco, inclusive a Primeira-Dama.
O que critico é a forma acritica como nos apresentamos a eles e que recebemos tudo o que a nós é trazido. Como lhes disse, minha análise é parcial, e se volta para a minha experiência recente com o "Ano da França no Brasil". E agora lhes apresento as opções culturais citadas.

Para a high society paulistana (após ter alegrado a carente high society curitibana):
No MAC-USP Ibirapuera estamos recebendo em grande mostra "Uma aventura moderna - Coleção de Arte Renault", onde a alta sociedade pode se sentir contemplada por não precisar atravessar o Atlântico para os ares franceses.
Sob curadoria da simpática francesa Ann Hindry, a amostra traz artistas consagrados como Arman, Dubufet, niki de Saint-Phale, Erró e Vassarely, com boas propostas de discussão vindas principalmente do setor educativo do museu. A exposição permite uma valorosa discussão sobre a arte e seu papel na sociedade moderna contemporânea, ou pós-moderna para os que preferirem, os impactos da insdustrialização na sociedade ocidental, e ainda, uma discussão sobre o indivíduo nisso tudo. Porém, estas relações partirão dos educadores engajados envolvidos, posto que a curadoria pensa só mo deleite de cores, formas e suportes variados que é o que se discute entre uma taça e outra de Chandon por falta de assunto.


O filme brasileiro "O contador de Histórias" de Luiz Villaça baseado na vida de Roberto Carlos Ramos é mais um dos fatídicos "baseados em uma história real" que mostra como um menino da periferia de Belo Horizonte chega à FEBEM e ao mundo do crime e como é salvo por uma pesquisadora francesa e ascende a uma vida vitoriosa e lúdica como o pronunciado "um dos maiores contadores de histórias do mundo" que leva em si esperança e bons valores ao ser um exemplo de pessoa que foi salva da lógica do crime.
Aqui temos duas coisas importantíssimas para ressaltar: primeiro, o filme apresenta o Estado, assim como a grande mídia dilaceradora de opiniões nos ensina, como uma acumulado burocrático e corrupto, que é um entrave a nossa vida por impedir a lógica do capital de dar a todos a tão importante e necessária igualdade de oportunidades, já que, todos tem um grande potencial e dependemos da iniciativa individual para o nosso sucesso. Ó doce mundo de ilusões... quem dera fosses real. Não se deve confundir um modo de governo com a índole dos que governam.
Segundo, a salvação para o injustiçado pelo governo, é a filantropia privada da burguesia. Ela com sua iniciativa, seu abraço de mãe, salva o pobre preto da lógica da exclusão opressora do Estado, que é insuficiente e já entra na guerra derrotado. Assim a salvação para o Brasil é o liberalismo total. Devemos nos desfazer de um Estado burocrático e avançar no processo de privatização dos nossos serviços públicos. Bela solução, não?
Para fechar o tema "Ano da França no Brasil", nada melhor que contrapor outro negro com outro representante do mundo das Luzes.
A rede de supermercados Carrefour, domina grande parte do comércio de varejo no Brasil, não garante a segurança de seus clientes e tem entre seus funcionários pessoas que subjetivaram o racismo e a noção de que basta ser preto para ser ladrão, e que há um tipo físico antropométrico que permite identificar de longe pessoas que agem de forma ilícita. Os seguranças, que são de empresa brasileira prestadora de serviço, agiram de forma troculenta para defender a imagem de serviço de qualidade Top da empresa, assim pegaram um negro que estava encostado em seu carro enquanto sua família fazia compras na loja e o levaram até um quartinho, onde o espancaram por cerca de 20 minutos.
“Eles falaram que eu ia roubar o EcoSport e a moto. Quando disse que o carro era meu, eles batiam mais.”
Em nota, o Carrefour afirmou que acompanha a investigação policial para que os responsáveis sejam devidamente punidos. É importante ressaltar que quando os policiais militares chegaram ao local, eles também não acreditaram que o cidadão fosse dono do automóvel. "Eles riam e diziam: sua cara não nega, negão. Você deve ter, pelo menos, três passagens pela polícia?." Depois de insistir muito, eles foram até o automóvel, onde sua família o esperava. Após conferir documentos, os PMs foram embora. Estes PMs, parte do famoso braço armado do Estado parecem estar em total sintonia com o serviço não especializado da empresa privada. O que devemos perceber é que estamos numa sociedade em que todos estão concorrendo e o quanto isso é maléfico, e completo que a índole e ação isolada de uns não pode servir de base para rotular uma instituição ou modo de governo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mundo Coerente ou Do Legado da Miséria





- Ei Filho, anda logo!

- Já vou Mãe, tô pondo o tennis!

- Ande, não temos todo tempo do mundo! E ainda temos muita coisa pra fazer!
Na TV:

- No Pernambunco a Polícia acaba de capturar seis dos líderes do grupo que invadiu a fazenda da Aracruz Celulose ontem à tarde...


Voz do Policial:
- Quando chegamos aqui para tentar fazer por as coias em ordem e retirá-los da propriedade de forma pacífica fomos imediatamente atacados por vandalos com facões e armas de alto calibre que suspeitamos ter vindo do narcotráfico. Já foi apurado que o numero de série das armas apreendidas bate com os registrados nas armas roubadas no assalto ao quartel de Exército em Copacabana...


- Segundo informações da Policia, neste embate 14 invasores morreram e 37 tiveram ferimentos leves e já foram liberados, nenhum Policial ficou ferido na ação...


- Nossa Mãe estes caras não querem trabalhar igual a você, eles preferem roubar tudo.

- É Filho, mas Deus vai condena-los, a justiça divina só favorece os justos. Tá pronto?
- Tô.


No carro:

- Fecha o vidro, esses muleques só enchem o saco! Eles sabem que eu não tenho dinheiro e todo dia vem com essas caras de passa fome...






- Aí que fedô, Mãe! Por que que ele num toma banho?


- Sei lá, são uns porco, uns mendigo!


A voz de fora é calada pela subida do vidro...


- Se você não for pra escola, cê vai ficar assim que nem eles.

- Aí credo!

Pouco tempo depois...


- Merda, esse Shopping só vive cheio!

- Pára ali, ó, Mãe.


Após três horas de compras...

- Mãe, vamos no Mc?

- Ah não! quero comer coisa diferente, chega de lanche.
- Ah, Mãe, você me prometeu que ia comprar o carrinho do Hot Wheels.

-Ai tá bom, mas não me enche o saco que eu quero ir embora logo...


- Eu só vô querer a batata, tá mãe?!

- Vai comer tudo, meu dinheiro não é capim!

- Tia dá um pedaço?


Uma cara de fome...
- Dá um pedaço, Tia?

- Aaah muleque, não tem mãe não?!?
- Não.

Na Rua...

- Mãe, que que é aquilo no carro?

- Puta que pariu! Cadê o maldito filho da puta do flanelinha desgraçado que não olhou meu carro?
- Aí que nojo, Mãe! Tá tudo fedendo a xixi!
- É esse mendigo nojento.


- Caralho que que eu faço agora, não tem ninguém aqui.

- Mãe, eu quero ir embora!
- Peraê que eu vou ligar pra Polícia.
- Anda logo, Mãe! Eu tô cansado!
- Cala boca, seu chato de merda!
Trinta e cinco minutos passados...

- Opa, senhora, você que ligou pra Polícia?

- É, fui eu. É que esse mendigo nojento tá deitado aí, me atrapalhando, e o maldito do flanelinha sumiu.

- Peraê. - Ô vagabundo...(chutinhos) levanta daê, ô seu merda...Puta que pariu, era só o que me faltava. Acho que esse lixo morreu.
- Caralho, e agora? Seu Policial, eu preciso chegar em casa, não posso ficar presa aqui!

- Mãe, vambora!
- Cala boca, muleque, num tá vendo que eu tô conversando?!


Quarenta e cinco minutos passados...

- Até que enfim vamos embora.

Flanelinha manobra o carro com gestos no ar...

- Agora que esse filho da puta vem.

- Cinco conto, sinhora.

- Olha aqui, seu filho da puta, cê vai tomar no seu cú, que eu não sou otária não tá?

- Ou você me dá ou eu te furo toda, sua vaca do caralho!
- Caralho, esse trânsito do caralho não anda!

- Manhê, tô com fome!

- Aah! Dorme, muleque!
Buzinadas


-Caralho, que que esse merda qué com essa carroça velha a essa hora?

- Mãe, porque que ele tá mexendo no lixo?



-Sei lá desse passa-fome! Só quero que ele tire esse monte de entulho da minha frente.

Moça com um bebê na janela...

- Moça, dá um real preu compra leti pra minha fia?... Moça, .... .... Moça, Sum Paulu tá dificil de trabaio, moça...

- Ah!, Cala boca, se tá ruim aqui volta pro nordeste pra curar suas verme, você quer é encher seu cú de cachaça, Eu é que não vou bancar sua pinga, vai à merda!


Arranca com o carro...
Parados no trânsito a mais de uma hora...
- Puta Merda! Vou ter que cortar pela favela, merda!



Na favela...

-Olha lá, olha aquela minina, nem tem peito e já tá de barriga.


- Hã!?!

- Isso é filha que mãe não cuida, fica vagabundinha e logo ranja um bucho!
- Mãe, cuidado com o menino!!!

Freada brusca...

-Eeeh! Menino do carai, sái da frente seu muleque burro filho de um puta!

- Olha Mãe, que muleque folgado, ele tá dançando na sua frente, passa por cima dele!

- Aí tia, pasa a bolsa!

-Ah não, moço! ... Não, moço, não, moço, tô com meu filho aqui... eu tô com criança no carro...
- Chega de papo, tia, passa logo os bagui nessa porra senão eu apago vocês dois aqui mermo!

- Filho da puta, esse muleque, só parei por causa desse merda, agora ele tá fudido...

- Mãe!

Sangue de um corpo que voa...

- Mãe, você matou ele?!
- Sei lá! Quero que se foda! Vamo logo para casa, tô cansada dessa merda!

Em casa...

- Boa noite, Mãe.

- Boa noite, meu Filho. Dorme com Deus e sonha com os anjinhos...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Mercado Animado



Tenho a razoável sorte de poder ter contatos quase que diários com crianças e seu universo infantil, isso me habilita e dizer o quanto o sistema capitalista é inteligente e está longe de quebrar, isto porque sabiamente já temos novos recrutas no exercito do consumo.
Nesta sociedade que ainda é mediada pelo espetáculo das imagens e da informação, temos que usando que sua habilidade e seus recursos tecnicos, a industria de monstrinhos consumistas se faz.

Perdemos, ao subjetivar o consumismo e a logica do trabalho disseminado pelo capitalismo, onde devemos dar nosso sangue sonhando com nossa ascenção financeira, aquilo que poderia nos tornar humanos melhores, a valorização, paralém da papagaiada televisiva, das relações humanas diretas.

Hoje precisamos comprar nossos amigos, familia, e principalmente nossas crianças. Neste ultimo caso, creio que esta situação se arrasta desde a criação da Disney, com sua industria de animação de desenhos e promoção de personagens com outros produtos que ultrapassam a tela da TV e do Cinema. Vivemos um boom de animações que suprem o tempo que não temos e povoam a mente de nossas crianças, nao lhes permitindo escolher e sim lhes impondo o consumo de todos os produtos a elas relacionados: Os Incriveis,. Eras do Gelo, Nemo,
e uma outra serie de personagens que com sua saga fraca e seus efeitos especiais não permitem às crianças vivenciar coisas diferentes, tudo que trabalha o ludico em sua vida é rapidamente esquecido após seus olhos serem iluminados pelos icones do sucesso americano em importar sua cultura, e ainda determina no universo ludico que o que nao é dinamico e engraçado, não presta, nao é atrativo.

O que mais me impressiona é a habilidade de nos apresentar o produto como um programa familia, posto que além de agir de acordo com a psicologia infantil, com uso de estéticas e cores especificas, milimetricamente calculadas, traz para nós adultos as suas piadas que somente para nós faz sentido, com teor politico, ou fazendo metalinguagem a passagens de cinema, ou parodiando programas de TV ligados ao universo adulto, escarancarando para nós que a história nao importa, o que importa é a risada que te torna mais um ser feliz, e seu filho será tambem um ser feliz quando voce lhe der a boa lembranca deste momento familia que passaram juntos, entao de-lhe uma passagem feliz para o Mc Donalds
e lhe compre o bonequinho, e nao se esqueça q ele precisa ostentar seus materiais escolares do seu personagem favorito, e nao suficientemente, compre-lhe roupas e faça sua festa de aniversario com a temática de todos os desenhos que vc e ele virao na sala de cinema.
Nao se esqueca de pedir seu atestado de incompetencia como responsavel por perpetuar a lógica capitalista que jorra pela cultura da potencia cultural, os EUA.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A arte da Estratégia



Nunca se deve tomar uma atitude que demonstre ao seu inimigo ou subordinado que você não é, ou nunca tenha sido, capaz de comandar seu séquito. Isso dá aos que estão se mobilizando contra você a certeza de que se agirem obterão sucesso. Não dê argumentos a todos de que você não possui a mínima autoridade sobre ninguém. E o maior sintoma de sua fraqueza, sua solidão, é o uso por sua parte de seu maior poder de coerção. O uso de força desproporcional indica duas coisas: uma que você está com medo e outra que seu poder já não é legítimo, se é que um dia já foi!

Conto Infantil




Sentiu dentro de si
Um monstro penetrante
Taparam-lhe a boca,
Calando o grito irritante
Rasgaram-lhe a alma
Com um ato sufocante

E lhe dizem que o importante
É ter vida pra viver
E que tudo se ajeita
Que não sabe o que é sofrer
O que resta em sua chama
É o desejo de morrer


Não quer ver anoitecer
Só se vê amedrontada
Fraca, não se defende
Só se lembra amarrada
Da memória torturante
Por um homem lambuzada


Não consegue entender nada
Sua mente em confusão
Sentimentos conturbados
É pior que assombração
Quem ainda espera o príncipe
Vira o foco do tesão


É tão triste ao gritar não
Ter um tapa que assassina
E ainda sentir culpa
Será essa minha sina?
Tratada como cadela
Sendo assim tão pequenina


A vida nos ensina
Mas parece esar mentindo
Diz-nos que o ideal
É seguir sempre sorrindo
É como tapar os olhos
E seguir sempre fingindo


Mãos forte vão te ferindo
Enquanto tenta compreender
Não sabe ser sedutora
Mas o vê enrijecer
Ele cheio de desejo
A menina, seu prazer


Sem deixar esmoecer
Vou manter a esperança
Sempre sonho em um dia
Confiar na Confiança
Que mantenha-se inocente
A Inocência da Criança!




terça-feira, 19 de maio de 2009

Como pensar e agir politicamente?


"A primeira coisa que o intelectual latino-americano tem a fazer é negar-se, desmistisficar-se completamente, sair desse papel de intérprete, de crítico da história, sem uma participação concreta, política. Para ele, a única forma de revolucionar-se é fazer do pensamento e da ação política algo integrado."

Glauber Rocha

Falarei aqui como um indivíduo em constante conflito consigo mesmo. Acho que as palavras mais recorrentes em meus posts (pelo menos na idéia) são Hipocrisia e Incoerência. Eu as uso bastante pois, em se tratando deste que voz fala, a hipocrisia e a incoerência regem, voluntariamente ou não, boa partes das minhas ações. Neste ponto acho que a citação acima casa bem com o que irei questionar.

A frase de Glauber é bem amarrada e lá a situação se resolve. Porém, devo por em questao a relação ação x pensamento. Como disse, falarei como um individuo, nao coomo integrante de um grupo ou algo do tipo. Não que eu acredite que o modo correto de agir seja individualmente, como se o coletivo fosse formado pela soma de ações individuais mas, neste instante devo confessar que diante de algum cenário caótico, onde a harmonia não se encontra ou o comprometimento (pelo menos da forma em que eu o entendo) não é geral ou ao menos explicito do modo ideal , alguns indivíduos devem agir como o fiel da balança.

Muitas vezes me pego maquinando a Revolução, e ela em minha mente é perfeita desde a trama, passando pela execução e chegando às suas benéficas conseqüências. Mas, ao me deparar com as pessoas nas ruas, ou mesmo no meu círculo familiar, vejo que as coisas não são tão simples e maravilhosas. Querendo eu admitir ou não, o capitalismo e sua lógica já está naturalizado por grande parte da população mundial. Conversando com as pessoas, vejo que elas não concordam com muitas coisas no sistema, todavia as mesmas racionalizam sobre sua necessidade de viver e sobreviver da melhor forma possível, crendo que devem batalhar para subsistirem vendendo suas almas aos seus exploradores - que também pensam em grande parte das vezes que nao estão causando mal, que apenas estão agindo para não serem consumidos pelo mercado ou coisa que o valha - e achando que o mundo é assim, que o homem é o lobo do homem, etc. E aqui não nego que há empresários fdps e que o dinheiro muitas vezes traz consigo um vislumbramento que altera o modo de ver as coisas, atingindo inclusive os valores e a ética moral das pessoas. Mas eu vendo de fora e diagnosticando é muito fácil. O que me intriga é pensar no que fazer para quebrar esta lógica naturalizada. Este modus operandi maléfico que desde sua raiz é opressor e excludente, como que se estivéssemos num mundo arquitetado pela seleção natural de Darwin ou com a meritocracia de Lamarck, e nossa luta diária devesse ser pela sobrevivência. Ao andar pelas ruas vejo no olhar das pessoas a falta de perpectivas de mudança (não só em suas vidas no ambito pessoal, mas no mundo como um todo!).

Mas de que adianta minhas elucubrações? Eu não consigo tapar os olhos e dizer que está tudo bem , todavia, também me sinto impotente. Talvez possamos responder á essa impotência agindo politicamente.

Partindo da noção primária do que é Política, que, resumidamente, podemos atribuir sua emergência à ocorrência de uma experiência comum que se fixou como uma idéia. Tal experiência foi o surgimento da Polis na Grécia antiga. Ou seja, o termo Política, não designa coisas como qualquer tipo de governos sob qualquer forma de poder. A Política por excelência é a consequência da criação de um espaço público comum, onde os iguais se relacionam, e estes iguais são grupos que são trocados de acordo com o espaço e o tempo, pois conforme a "História vai se acontecendo" mudam os grupos de interesse/poder e estes fazem o que julgam ser o mais apropriado para si ao se apropriar de tal espaço. Política em seu modo cru, sem más apropriaçoes, e aqui faço sim juizo de valor, é o âmbito da persuasão, onde os iguais debatem, e já sabemos que não nascemos iguais, a igualdade é uma vitória a ser conquistada politicamente. Uma coisa é viver sendo aceito como existente (os negrios existem - isso é biológico) outra coisa é ter voz - aqui é política. Não nego que entre os gregos os iguais eram os cidadãos, assim o que havia era a excluão das demais categorias. Mas, pensando na política no que posso chamar de sua gênese, encaminho aqui para que não se perca a oportunidade uma breve reflexão sobre o que entendo por Coletivo.

Nos vendo como iguais, partilhamos das mesmas habilidades e potencialidades, o que indica que todos podem fazer as mesmas coisas sempre; não há como negar que o resultado talvez não apresentará o que o indivíduo teria de diferencial para mostrar (e sabendo-se que não se deve monopolizar as expectativas de resultado), porém o mesmo senso de coletivo deve ser partilhado por todos, e isso não só para que se superem as paixões individuais, mas porque tal senso possui em seu DNA dois genes o da confiança e o do comprometimento. Assim, todos devem aceitar sua responsabilidade para com o projeto encaminhado. Agindo dessa maneira se supera a lógica, simplesmente porque ela se fará desnecessária, da divisão de trabalho. O que deve haver é uma sincronia harmonica e não uma dependência coletiva. No final tem-se algo que é de todos para um todo maior ainda.

Mas infelizmente a teoria enfrenta o problema da prática. É inocência pensar que divergências não virão, elas virão sempre, e deve-se ser maduro para saná-las. Porém, quando elas fiam implícitas, veladas, escondidas, e as partes envolvidas não as põem em conflito no espaço público, chegamos no mesquinho embate entre o pseudo-culpado e a autoproclamada vítima. Deve-se superar isso, se não se está indo bem, como o trabalho é coletivo, a culpa é coletiva! E geralmente o que está em jogo são os dois genes, o que me leva a dizer que somente é legítimo cobrar das pessoas, nestes dois pontos na confinça que ela deve ter e manter em seus iguais e o seu comprometimento que deve ser sincero com o projeto.

Ou isso, ou vamos para o que é mais fácil, dividir funções, posto que o que os une é o compromisso comum com o projeto, principalmente quando este tem um cunho politico, que será percebido em seus resultados. É uma pena, mas é um modo de resolver as coisas.

Após estas necessárias digressões retoma a questão: como agir e pensar politicamente? Sem deixar de reafirmar que agir politicamente para mim é agir coletivamente, e tal açao é qualificada quando pensada para ter impacto no espaço público, apenas de nào podermos prever se apropriaçao deste sempre será benéfica. Mas o que fazer quando se está sozinho?

Primeiro desmistificar-se no sentido de Glauber, segundo, ao ir à praxis, nao deixando de lado sua teoria, mas casando-a com sua praxis, e isso não de forma desvinculada da realidade, posto que se sua teoria não é práticavel, ou está em outra realidade ou não se quer aceitar o campo de batalha, voltando a esperar o espaço/momento ideal de atuação.

A sua teoria e sua prática, casadas e com possibilidades reais de execução, devem ser levadas com paixão, deve-se ser racional e passional, racional para saber quando parar e passional para tentar até essa última hora. Deve-se perceber se se está como um cão no desrto latindo para as sombras do nada. Deve-se agir sendo coerente e principalmente com bom senso, ter a paixão ponderada pela teoria e a razão. E aqui cabe uma autocrítica, não é necessário ser uma máquina que só age, agir sem pensar é passional ou idiota, pensar sem agir é se omitir, opinião sem ação é o mesmo que nada, é aliás a não-ação o equivalente da açào pelo status quo. Qunado a ação não leva a nada, reflita se politicamente é válido continuar, sendo sincero consigo e com o outro sem soberba, egocentrismos, orgulho exacerbado. E ainda, quando sua reflexão te leva a propôr uma não-ação torne-a pública, é legítimo a não-ação, porém esta será uma não-ação política com expressão no espaço público, não somente no privado.

Parece que levantei aqui um simples manual, mas espero que percebam que tal reflexão se faz necessária principalmente para ser criticada, tanto pelo que posso ter abordado de forma deturpada quanto pelo que não abordei, eou mesmo pelo meu idealismo simplista, entre outros. O espaço virtual "público"da net (limitado pela exclusão digital) possibilita a exposição política dos meus pensamentos, e estes devem ser discutidos neste espaço virtual, que querendo eu adimitir ou não, nos homogeiniza. Tornando-nos iguais, humanos virtuais, veja bem: virtuais e não virtuosos!

E como isto é uma reflexão, reflete um momento pelo qual passo e muito hipocritamente tudo o que escrevi pouco pratico, não saí da crítica, diagnóstico e autocrítica. Não sei se vou melhorar mas, prometo que a minha sensibilidade continuará viva, espero que a de vocês também!

Post sujeito a modificações assim como as teorias, que nunca devem ser rígidas...












terça-feira, 12 de maio de 2009

Pátria-Mãe



Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos



HINO NACIONAL

Parte I

Ouviram do Ipiranga as margens podres
De um povo fraco o passo retumbante,
E o sol da individualidade, em raios fúlgidos,
Ofuscou o céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa submissão
Conseguiram nos entregar sem muito esforço,
O teu cheiro, ó Financeira,
Desafia o nosso cérebro à própria morte!
Ó Pátria otária,
Sempre roubada,
Que alguém te Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De tirar sempre proveito à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Doleiro resplandece.
Idiota pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido banqueiro,
E o teu futuro espelha essa esperteza.
Terra cegada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria tomada!
Dos bancos deste solo és mãe imbecil,
Pátria otária,
Brasil!

Parte II

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, Magnata, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Sobre a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos cofres especulam valores;
"-Esses pobres nao tem vida!",
"-Essa vida" nós que temos "eles tem dores."
Ó Pátria otária,
Sempre Roubada,
Que alguém te salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da injustiça a clava forte,
Só vemos que um filho teu só foge à luta,
Só teme, quem te usurpa, a própria morte.
Terra cegada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria tomada!
Dos bancos deste solo és mãe imbecil,
Pátria otária,
Brasil!

Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva

Atualizado ortograficamente em conformidade com Lei nº 5.765 de 1971, e com
art.3º da Convenção Ortográfica celebrada entre Brasil e Portugal. em 29.12.1943.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Amíngua


Amíngüa

I

Todos a seus lares
A soberba enraíza-se nas almas
Todos ostentam seus objetos, suas belezas
Títeres-pavões papagaiados
Sobe junto a todos o estranho
Alguém que está abaixo,
Que não interessa em nada a ninguém
Sua presença atrapalha
Sua presença atrapalha
Seu cheiro enoja
Seu cheiro enoja
Vê-lo irrita... melhor lhe virar a cara
O não-homem se humilha,
Tem fome,
Tem fome,
Tem fome,
Tem no duro chão seu sonho,
Fecha os olhos para ver a vida
Ver a vida?
Em riste espera,
Odeia ter simplesmente nascido
Vive
Não Vive
Melhor não encará-lo
Não se deve lhe dar esta ousadia
Não permitamos a ele achar que terá abrigo
Celulares cantam, cabelos se mexem
Tudo importa
Só ele não importa
O não-homem
Ele espera... ... ... ...
O silencio
Ele espera... ... ... ... ... ...
A lágrima da fome e da humilhação lhe rasgando os olhos e secando-lhe a garganta.
E o que lhe resta é apenas mais um
“Que Deus abençoe a todos, Muito Obrigado!”


II

A mim só resta a dúvida
Dúvida
Será que sou digno
Digno de olhar este não-homem nos olhos?
Não somos dignos,
Será, será, será, será?... ... ... ...

Mas como o problema não é meu
Nao é a mim que a fome tira a vontade de viver
Sou indiferente
O que vale é o meu estar garantido
Sou um homem
... ... ...
Nunca mais me orgulho disso!

segunda-feira, 16 de março de 2009

watchmen X WATCHMEN

Ao saber que iria assistir ao filme Watchmen já fui preparado para me surpreender positivamente, posto que conversei com alguns amigos que me fizeram boas críticas a este filme, e isto apesar de ter ouvido criticas negativas por parte de um outro grupo de amigos, com os quais tive a oportunidade de trabalhar em cima da graphic novel de Alan Moore, momento este no qual eu fui apresentado para tal obra-de-arte (e aqui digo que não sou grande conhecedor do universo dos quadrinhos para fazer uma análise rebuscada do que representa o Watchmen em comparação com outras obras). O fato é que ao sentar-me na cadeira do cinema, diga-se de passagem uma boa sala com riqueza na imagem e no som, apesar do incômodo causado pelas conversas dos outros, tive a nítida sensação de que algo não iria me agradar até que começou o filme e tive minhas lá dúvidas.
A abertura elíptica é muito bem feita e a escolha da música de Bob Dylan foi perfeita. Então chegamos ao primeiro quadro de Watchmen, a morte do Comediante, um primor. Acreditei piamente ao ver o trailler que seria algo feito com tamanho exagero que eu teria asco na primeira cena, o que não foi verdade. O zoom no botton sorridente foi mega fiel, mas também não havia como deixar de ser, posto que Allan Moore e Dave Gibbons tiveram muito zelo em aproximar a construção do quadrinho Watchmen de uma linguagem fílmica.
Aliás, este fato é extremamente relevante ao se fazer a crítica ao filme Watchmen , pois a única coisa na qual seria impossível eles errarem era na fotografia. Enfim, estava eu até então todo contente, vendo a trama se desenvolver razoavelmente bem, as coisas acontecendo numa adaptação muito boa do roteiro no que diz respeito aos fatos. Mas aí me pego questionando a construção dos personagens. Sei que a releitura de qualquer obra literária permite ao releitor modelar fatos e personagens para que eles se ajustem aos seus intentos, mas a coisas que se faz que acabam por detonar com a intenção e áurea da obra original. Pontualmente falando, o Comediante interpretado por Jeffrey Dean Morgan na minha rala captação, posto que não sou especialista em nada, para mim foi o personagem mais bem montado, mais fiel ao construído por Moore. Zack Snyder consegue no Comediante manter sua cosmogonia tão evidente no quadrinho de Moore: o homem que faz uma leitura da realidade e a segue, e que num salto qualitativo, descobre-se fraco diante de uma trama muito mais friamente pensada do que ele considera a sua racional/passional leitura da realidade. O homem que se constrói forte e é visto pelos outros como tal, se pega no auge da sua fraqueza, da sensação de impotência diante de algo imensamente maior do que suas ações pontuais contra a vida e a moral.
O restante das personagens retomados no filme flutuam entre momentos em que se encontram fiéis aos originais e outros em que apenas aproximam-se da fotografia do quadrinho ou nem isso, um exemplo notório de afastamento do original é o Veidt, vulgo Ozymandias, interpretado por Matthew Goode. A construção do personagem não leva em consideração uma característica basica do Veidt de Moore, a simpatia, a qual o torna um personagem muito menos previsível e enriquece a trama, pois ao ver um personagem simpático que aparentemente zela pela moral e bons costumes fica mais forte a cena em que ele se vê como um fraco, isto no fim da trama de Moore, pois na de Snyder ficou um pastelão, um personagem chapado.
O roteiro de David Hayter e Alex Tse, que adapta a obra publicada na década de 1980, tentando manter a áurea daquele momento,o que é altamente reforçado e com sabedoria ao incluir Bob Dylan, Simon & Garfunkel, Leonard Cohen e Billie Holiday, é bom, traz elementos novos á trama, aglutina acontecimentos em certos momentos que tornam a adaptação rica, todavia peca ao não conseguir trazer á tona o que, na minha modesta opnião, e a essência da hora de Moore, o caráter humano dos personagens.
A obra de Moore traz em si uma questão básica: Como seria um mundo real onde os heróis e super heróis realmente existissem? Para tanto ele retoma de modo particular heróis já existentes em nosso imaginário criado por outros artistas dos quadrinhos, construindo personagens que tem como traço principal o fato de poder ser qualquer homem comum, independentemente de possuir habilidades mega excepcionais ou não. São indivíduos que por alguma questão particular decidiram fazer a justiça, a partir de sua cosmogonia, com as próprias mãos. E para a construção se tornar o mais verídica possível, posto que devemos pensar este mundo como sendo uma possibilidade real, ou seja o nosso, Moore sabiamente nos põe a vista personagens paralelos que podemos considerar como o leitor dentro da obra, são as pessoas que você encontra casualmente na esquina. Pessoas como o jornaleiro, que pode nos dar a noção aproximada do que chega aos olhos e ouvidos do homem comum que vive sua vida no dia-a-dia de trabalho, sofrendo as indagações/expectativas do que será do nosso amanhã -neste caso, ele, assim como muitos, constrói sua leitura dos fatos através do que lhe é acessível: o jornal de cada dia. Ele é de tamanha inocência que representa muito bem o povo comum. Outros problemas humanos, aqui na esfera privada, e no choque da esfera privada com a esfera pública aparece em outros personagens, com o psicólogo e sua mulher, o casal de lésbicas, etc. É relevante para nós o fato de que tais personagens paralelos não possuem biografia dentro do quadrinho, diferentemente dos heróis da trama, que nos são apresentados principalmente em suas motivações para a ação (creio que excepto o Comediante).
No filme, a ausência deste personagens paralelos tira dele a sua essência e deixa somente um filme com fotografia, música e fatos legais, um bom blockbuster. Entendo que exigir de uma linguagem a reprodução fiel de outra é meio que mesquinha presunção de gente xarope, mesmo porque talvez neste excesso de zelo poderíamos ter um filme enfadonho, o que não é o caso deste, mas o filme, na ânsia de ser ou não copia perdeu-se e assim se apegou aos fatos e ás soluções para transplantar passagens de uma linguagem para outra. Ressalto que gostei muito do desfecho, enquanto solução de uma trama, não da construção dele, pois o fato de o Ozymandias ser o homem mais inteligente do mundo e ter habilidades físicas magnificas, não fazia dele um homem mau, no sentido maniqueísta, o que ocorre com a escolha de Zack que mantém os diálogos, mas perde-se a essência, assim era melhor não ter feito nada!

Ps.: A sacada para a brochada do Dan (Coruja II interpretado por Patrick Wilson - que na minha opnião é o personagem que mais se aproxima de homem comum no filme como um todo, apesar de esteticamente sua armadura matar o personagem de Moore) foi genial: ao invés de por a cena em que rola a brochada o contraponto do Veidt no auge de sua forma dando saltos na TV, atrasaram a "piada" para o momento em que efetivamente o Dan demonstra sua virilidade para a Espectral, Malin Akerman, após terem agido novamente como heróis na cena do incêndio e ao som de "Aleluia" vemos o Arquimedes (a nave) expelir fogo, numa clara referencia á ejaculação do nosso digníssimo.
Ps.2: O Roscharch, Jackie Earle Haley, também ficou bem construído, mas isso é apenas o dever, pois o personagens de Moore não apresenta nenhuma alteração de humor ou de convicção, o que torna muito simples transplanta-lo para o mundo cinematográfico.
Ps.3: Gostei da solução final para o desfecho do filme porque, apesar de tornar o agente causador da destruição que é externo num agente interno - Dr. Manhattan, Billy Crudup - a leitura de que a Veidt racionalmente propõe para a união dos povos a emergência de um medo muito maior, ou seja o terror, foi mantida, e alias foi muito feliz tal solução pois permitiu cortar do filme muitas partes que não precisaram entrar na trama proposta pelos roteirista, por não influir diretamente em tal desfecho , exemplo disto é a ausência do mistério em torno do desaparecimento do escritor Max Shea.
PS.4: Eu não tratarei aqui das questões políticas, históricas, sociológicas, e tals as quais podem ser largamente discutidas nos comentários.
PS.5 : depois eu ajeito as imagens direito.



É isso.


X

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

MILK - Um Grito de Ação!



Tive a oportunidade de assistir a este filme pouco depois da festa do Oscar. Por sorte , gostei do que vi. O filme traz a trajetoria de um homossexual, Harvey Milk (Sean Penn), num momento em que ele dá um salto qualitativo em sua vida. Não vou aqui discecar o que se passa no filme, para isso, basta lerem sinopses e/ou preferivelmente assistirem. O filme tem uma narrativa simples, o que poderia nos deixar a impressão de que as coisas simplesmente acontecem, que aquela visão certamente romantizada da vida de um homem somente nos encheria os olhos de lágrimas, mas como disse, o filme trata , na minha visão, de um salto qualitativo na vida de uma pessoa. Aliás tal romantismo me fez até ter enteresse em visitar uma daquelas Wikis para saber melhor quem era o homem Harvey Milk. Vi que a biografia era bastante aproximada do personagem, pelo menos em sua trajetória política, não posso responder pelo seu trato com as pessoas e as coisas.
Enfim, o ponto que quero chegar é que, este filme traz a mim, enquanto ser que almeja a mudança drástica de várias coisas no mundo, no modo como as pessoas se relacionam principalmente, a noção de que não me basta ficar maquinando sobre o modo como as coisas poderiam ser melhores, pensando que uma coisa não está sendo conduzida do modo perfeito, mesmo porque este modo perfeito é relativo, o que devemos fazer é AGIR. Milk era, pelo menos o filme me mostra isto, um homem comum, numa sociedade opressora, que legislava sobre sua vida sem ouvír a ele nem a seus iguais, e Harvey sabiamente, após anos de exilio dentro de si, decidiu abraçar a sua propria causa e gritar! Assim, como digo para vcs gritarem, o seu ultimo grito, para quem sabe alguem escutar sua lamúria! Pois devemos ter em nossos míseras mentes que o homem deixa para a posteridade não seus pensamentos mas o que escreve, fala e faz!

PS.: Não estou aqui fazendo juizo de valor sobre o filme, como vêem este comentario nao é uma critica, é antes um simples apontamento.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Da Militância Alienada


Do que me vale ser um militante, um homem cheio de idéias, o provedor da luz, a fonte de onde advem todas as soluções para o mundo e às pessoas e coisas que nele interagem se eu do alto do meu pedestal, onde fui colocado como um tolo pensando ser sábio, o que aos olhos de quem me deu o abraço com seus elogios rasgados ao meu discurso falído é a visão de um simples asno que foi ludibriado, se eu, o militante, não consigo ver os punhos fechados com as mãos com calos e sangue, talvez cego pela minha própria luz, e não tenho ouvido para os gritos daqueles de quem tenho a inocente presunção de ser o novo Messias.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Saga Nordestina


Venho aqui com humildade
Pra versar o meu refrão
Pois há algo que angustia
Que maltrata o coração
Como pode um ser pequeno
Mas cheinho de amor pleno
Fazer a Revolução?


Como é grande o problemão
Que eu venho lhes falar
Tenho que diariamente
No espelho me indagar
Vejo um homem corajoso
Militante vigoroso
Mas que deixa a desejar


Bonito sabe falar
Nos engana o palestrante
Quem aqui o vê versando
Não percebe o iniciante
À mais leve distração
Perde-se na emoção
E se pega hesitante


Mesmo assim sou confiante
Cheio de conficção
E agora já me devo
Por á prova essa questão
A que sempre me intriga
Que motiva esta cantiga
Que me traz inspiração



Esta grande indagação
Que agora apresento
Pode até lhe assustar
E a mim é um tormento
Mas vocês vão entender
E depois agradecer
Por ouvir o meu lamento


As palavras vão ao vento
E o tempo é um sertão
Vou agora sem demora
Lhes expôr o meu refrão
Como é que um nordestino
Nosso forte celestino
"Cabará cum" figurão?


Nessa inquietação
Me pego diariamente
Inda mais por estes dias
Em que surpreendentemente
Passei pela experiência
Me afetando a consciência
De estar com esta gente


Não muito antigamente
Eu fugia feito louco
Estes pobres nordestinos
Inspiravam-me tão pouco
Vinham com o seu sotaque
Cada causo era um baque
Riso para te deixar rouco


Respeitar-lhes? tampouco
Como? se me irritavam
Esquecia minha origem
E de como trabalhavam
Eu olhava o negativo
Já metia adjetivo
E eu sei que não gostavam

Mas as folhas já falavam
Esse vento já passou
E me pego renovado
Junto a quem se levantou
E enfrento dem de frente
Com orgulho desta gente
Que o tempo humilhou

O sistema já mudou
Mas não as relaçoes
O sinhô ainda insiste
E não quebra os grilhões
E ainda se aproveita
Dessa gente queé direita
Lhes maltrata os corações



O sertão e suas canções
Que retoma sua história
Caminha lentamente
Renovando sua memória
E lutando pela terra
Dando sangue nessa guerra
Derrotando com a vitória

Vou seguindo a trajetória
Atenção você me preste
Nordestino quando falo
Falo de "cabra-da-peste"
Eles colhem o morango
Mas só comem o calango
Em sua sina no agreste

Da coragem fez-se teste
Pois é sempre provação
Como toda "maioria"
É sempre o sonoro não
Que se ouve dia e noite
Dorme, acorda no açoite
Haja força, Lampião!

Faça luz na escuridão
E levante-se, Espada
Vai ser no amanhecer
Uma luta bem travada
Só sem olhos pra não ver
Esta terra a tremer
É o povo em manada!

Uma ação alienada
Esta não vai ser assim
Precisão já não lhes falta
Será mais que isso pra mim
É força além da fome
É aterra o que se come
A guerra não é o fim.

Vai do não fazer o sim
Mas carinho não vai dar
Quantas vezes se tentou
Com o sinhô dialogar?
Capital versus Amor
Falação igual a Dor
E a espada a pegar

Muitos corpos vão deitar
Desde os fracos aos valentes
Ninguém vai querer ceder
Todos vão mostrar os dentes
O mais forte em sua fé
Vai ficar sempre de pé
Manterá seu corpo quente

E levando em sua mente,
Mantigando do seu jeito,
É que essa "maioria"
Carrega em seu peito
Intelectuais idéias
Levantadas em Odisséias
Com a ação em laço estreito

Falarei mais a respeito
Do que move esta nação
Um povo que acredita
Muito na religião
Romaria para os Santos
Eles secam os seus prantos
Trazem chuva de trovão

Ainda temos a questão
Das idéias a falar
Este povo que peleja
Não se deixa aquietar
É promessa que vai e vem
Mas eu sei que eles têm
As idéias no lugar

Eles vão se apropriar
Não do modo que vier
De todas as respostas
Que o intelectual lhes der
Misturando com a esperança
Indo em busca da bonança
Assim como convier

Não importa o que disser,
Essa terra trabalhadora
Tem por dono todo povo
Terra, nossa Manjedoura
Filhos seus iluminados
Foram à força desterrados
Mãe, nos venha Salvadora

Ah Vitória, minha cantora
Devo agora me calar
Julgo que já fui bem claro
Essa gente é de lutar
Canção, Força e Luz
Superação de sua Cruz
Que estão a carregar

Muitas águas vão rolar
Até a Revolução
No futuro de criança
Vê-se a anunciação
Doces gritos como fel
Desse humilde menestrel
Que lhe sejam inspiração!


PS.: Pode ser que eu ainda modifique este cordel em alguns trechos.

Até aqui postei textos que eu havia escrito até o final do ano passado em outro blog, o qual tinha um outro formato e proposta. A partir de agora teremos, somente textos inéditos..........

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Última Parada - Quero Descer!



Tempos atrás tive a oportunidade de assistir ao filme de Bruno Barreto "Última Parada 174". Este filme não se propõe a nada além de fazer um uso parcial não neutro da realidade com recursos melodramáticos e muita verba para por o filme para rodar. Tem uma montagem pobre, pois há partes que, dentro do próprio melodrama poderiam ter sido melhor trabalhadas, dentre elas as cenas nas quais se criam as maiores expectativas: o momento que ele se aproveita da mulher que acredita ser sua mãe e principalmente a parte em que ele toma o ônibus, o cara havia cheirado muito pó para ter reaçoes tão "boazinhas" como as que ele teve com a estágiária. Veja bem , nao questiono o filme por não debater a realidade retratada, ou o sistema capitalista que aprofunda a desigualdade e blablabla, mas no que ele se propoe a discutir que é a condiçao humana, ele trabalha mal, nao se resolve, as açoes sao determinadas pelo fato de ele ser um filho da miséria e se confrontam com a índole que nao é má. Há um conflito constante, que aí talvez possamos até pensar uma questão mais ampla: A formaçao. O personagem principal SANDRO é contraposto a outro ALESSANDRO. O primeiro é um favelado que aos dez anos se torna vítima da violência e vê sua mãe, que apesar da pobreza o criaou amorosamente e lhe passou valores como vida e superaçao, morta, o que de certa forma, é perceptível que o traumatiza. O outro é arrancado ainda bebê dos braços de sua mae que é uma viciada e é criado por um narcotraficante, que o cria para sobreviver e perpetuar a lógica do sistema em que está inserido. A categoria vida para o Alessandro é algo limitado à preservaçao da sua, até que passa a se relacionar com Sandro, que apesar de se deixar levar pelo crime, não possui má indole. Um viveu o amor, e outro que nao sabe lidar com isso passa a desejar isso para si. A questao que quero levantar é, - e isso levando em consideraçao q a familia pode em muitos casos ser dada como uma instituiçao quebrada- diante de um cenário caótico, onde o capitalismo elevou a desigualdade e desta como sintoma temos parte da humanidade rebaixada à miséria do existir, como a Educaçao pode agir como mediadora de conflitos, como a instituiçao portadora e transmissora de valores? É realmente possível através da Educaçao, e nao digo da mecanicista, mas da boa escola, que leve o individuo a se formar como um questionador, e se possível um revolucionario barbudo e vermelho,pq não?, modificar esta realidade, mesmo a longo prazo e ainda sem superar, ou melhor, derrubar o sistema capitalista?Açoes pontuais conseguem realmente ir contra a onda individualizante, mesquinha, opressora, etc. do capital? Eu nao sei, mas continuarei tentando... E enquanto isto recomendo a todos que assitiam a filmes como o Ultima Parada 174, eles nao resolvem nossos problemas, mas nos colocam muitas questoes. http://www.ultimaparada174.com.br/

Meu modo particular de ser vítima e agente


Fim de semestre na faculdade, tensão por todos os lados, ao que se somam os problemas de ordem pessoal/familiar, e ainda os questionamentos políticos. EXPLODI! Estou com meu impulso de coitado à flor da pele. “Vejam como eu sofro!” “Por favor, OLHEM PRA MIM!”. Meu modo particular de ser vítima é olhar para este quadro que apresentei acima, -somado às obrigações empregatícias, dívidas , e a sempre presente, falta de dinheiro – e pensar no sistema que me oprime, e isto já me basta para que eu justifique minhas ações antisociais. Estas ações, cujas conseqüências são por mim imediatamente percebidas, são, geralmente, baseadas no meu belo e maravilhoso sistema auto-defensor do meu EGO freudiano. Eu olho para o outro, e “digo”: “olha tô estressado, então se eu te ‘atropelar’ você não pode ligar, viu?” Numa ação preventiva em que o que parece é que meu estresse, se não o é, será culpa dele, mas todavia, tb o é. Porque muitas vezes eu tento me isolar mas as obrigações não nos permitem não nos relacionarmos, porém , há os que tem um senso de amizade diferente do meu e quando eles o põe em prática a relação fica mais pesada para o meu lado, pois devo me relacionar em momentos em que eu me dispus em me sentir vítima de minha própria conjuntura, e estou lá tentando ser o ser mais mesquinho do mundo porque naquele momento isto é reconfortante. Eu estando mal me fecharia para mim mesmo, num auto-consolo que beira o ridículo mas é funcional. Mas a culpa do outro vem daí, ao termos que por algum motivo estar juntos, ele age de modo a estabelecer um laço que naquele exato momento é falso, e essa aproximação forçada é tentada porque o outro pressupõe que te entende, se duvidar acha que te entende até melhor que vc mesmo! O mais engraçado disto q acabo de falar é que eu faço isso o tempo todo. Mas perceber isso não justifica o fato de eu andar por aí como um burro-de-carga com meu digníssimo tapa olhos dando meus coices por aí. O mais louco de tudo isso é quando eu já demonstrei que sou uma anta limitada e o outro, ou melhor, ou os outros, como aconteceu em nosso belíssimo cineclube Mario Pedrosa - História USP dia 28/11/08 na exibição de Cronicamente Inviável (Bianch, 2000), entrão na disputa de ego com você. Aí vira uma comédia ridícula de disputa egocentrica mesquinha de pequenas vitórias. E qual a solução que eu achei para isso neste dia: 'O RELATIVISMO', mesmo porque não sairíamos dali nunca! E pensando em ação para superar minhas limitações digo: vou continuar tentando, sempre. Vou cineclubar, vou discutir, vou aprender! Eu quero aprender, com calma - me respeitando e tentando respeitar o outro - a controlar meu impulso antidemocratico, autoritário, ditatorial. Porém, antecipo-lhes, que isto não quer dizer assumir uma posição passiva, humilhada. Não é um baixar de cabeça, é simplesmente poder ter orgulho de bater no peito e dizer: Eu estou aqui para tentar superar a lógica sistêmica e não é porque estou empenhado nisso que devo ser um ser com ar superior, pois não adianta eu superar minhas limitações se não for para discutir em pé de igualdade com meus iguais, assim, o que está na mesa é crescer coletivamente, e pretendo conseguir, ou melhor, conseguiremos!



PS.: Post publicado anteriormente por mim em outro blog...