quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Au Revoir, Brésil!

O Ano da França no Brasil e a perpetuação das poesias sobre a ilustração salvadora francesa
Ato de diplomacia que rege a bem fofucha relação entre o sono capitalista França e o es]terno exótico Brasil. O famigerado "Ano da França no Brasil" além de favorecer economicamente os orfãos de Bonaparte, ainda lança seus braços no mundo das artes Tupiniquim. É ideologia xarope de um lado e utopia babaca do outro, ou vice-versa.
Não tenho muito a falar além de minha experiência recente com duas das novas opções culturais criadas na NY dos trópicos: a cidade de São Paulo.
Dois eventos singulares que fazem gosto à nossas mais tapadas classes sociais: a alta classe burguesa, afrancesados desde o berço, ou a sempre vítima classe média, que sonham com a Cidade-Luz em suas férias e entopem nossas universidades com sua baixa cultura, sua política mostra, suas roupas alternativamente iguais e seus cigarettes que parecem saídos de um filme de Truffaut ou Gogard. Ressalto que não sou um tapado que pensa que o Brasil deve voltar a ser estritamente terra de índios e os brancos irem para a brasa. Isso, apesar de ser um bom ideal, não é para mim algo impraticável e não engrandeceria em nada a humanidade já tão acostumada a genocídios, e sabemos que a história não para e os brasileiros enquanto homens que fazem parte de um mundo divididos por fronteiras nacionais também não pararão.
Também não é xenofobia contra os franceses, que por sinal são ótimas pessoas, e tem muito a trocar conosco, inclusive a Primeira-Dama.
O que critico é a forma acritica como nos apresentamos a eles e que recebemos tudo o que a nós é trazido. Como lhes disse, minha análise é parcial, e se volta para a minha experiência recente com o "Ano da França no Brasil". E agora lhes apresento as opções culturais citadas.

Para a high society paulistana (após ter alegrado a carente high society curitibana):
No MAC-USP Ibirapuera estamos recebendo em grande mostra "Uma aventura moderna - Coleção de Arte Renault", onde a alta sociedade pode se sentir contemplada por não precisar atravessar o Atlântico para os ares franceses.
Sob curadoria da simpática francesa Ann Hindry, a amostra traz artistas consagrados como Arman, Dubufet, niki de Saint-Phale, Erró e Vassarely, com boas propostas de discussão vindas principalmente do setor educativo do museu. A exposição permite uma valorosa discussão sobre a arte e seu papel na sociedade moderna contemporânea, ou pós-moderna para os que preferirem, os impactos da insdustrialização na sociedade ocidental, e ainda, uma discussão sobre o indivíduo nisso tudo. Porém, estas relações partirão dos educadores engajados envolvidos, posto que a curadoria pensa só mo deleite de cores, formas e suportes variados que é o que se discute entre uma taça e outra de Chandon por falta de assunto.


O filme brasileiro "O contador de Histórias" de Luiz Villaça baseado na vida de Roberto Carlos Ramos é mais um dos fatídicos "baseados em uma história real" que mostra como um menino da periferia de Belo Horizonte chega à FEBEM e ao mundo do crime e como é salvo por uma pesquisadora francesa e ascende a uma vida vitoriosa e lúdica como o pronunciado "um dos maiores contadores de histórias do mundo" que leva em si esperança e bons valores ao ser um exemplo de pessoa que foi salva da lógica do crime.
Aqui temos duas coisas importantíssimas para ressaltar: primeiro, o filme apresenta o Estado, assim como a grande mídia dilaceradora de opiniões nos ensina, como uma acumulado burocrático e corrupto, que é um entrave a nossa vida por impedir a lógica do capital de dar a todos a tão importante e necessária igualdade de oportunidades, já que, todos tem um grande potencial e dependemos da iniciativa individual para o nosso sucesso. Ó doce mundo de ilusões... quem dera fosses real. Não se deve confundir um modo de governo com a índole dos que governam.
Segundo, a salvação para o injustiçado pelo governo, é a filantropia privada da burguesia. Ela com sua iniciativa, seu abraço de mãe, salva o pobre preto da lógica da exclusão opressora do Estado, que é insuficiente e já entra na guerra derrotado. Assim a salvação para o Brasil é o liberalismo total. Devemos nos desfazer de um Estado burocrático e avançar no processo de privatização dos nossos serviços públicos. Bela solução, não?
Para fechar o tema "Ano da França no Brasil", nada melhor que contrapor outro negro com outro representante do mundo das Luzes.
A rede de supermercados Carrefour, domina grande parte do comércio de varejo no Brasil, não garante a segurança de seus clientes e tem entre seus funcionários pessoas que subjetivaram o racismo e a noção de que basta ser preto para ser ladrão, e que há um tipo físico antropométrico que permite identificar de longe pessoas que agem de forma ilícita. Os seguranças, que são de empresa brasileira prestadora de serviço, agiram de forma troculenta para defender a imagem de serviço de qualidade Top da empresa, assim pegaram um negro que estava encostado em seu carro enquanto sua família fazia compras na loja e o levaram até um quartinho, onde o espancaram por cerca de 20 minutos.
“Eles falaram que eu ia roubar o EcoSport e a moto. Quando disse que o carro era meu, eles batiam mais.”
Em nota, o Carrefour afirmou que acompanha a investigação policial para que os responsáveis sejam devidamente punidos. É importante ressaltar que quando os policiais militares chegaram ao local, eles também não acreditaram que o cidadão fosse dono do automóvel. "Eles riam e diziam: sua cara não nega, negão. Você deve ter, pelo menos, três passagens pela polícia?." Depois de insistir muito, eles foram até o automóvel, onde sua família o esperava. Após conferir documentos, os PMs foram embora. Estes PMs, parte do famoso braço armado do Estado parecem estar em total sintonia com o serviço não especializado da empresa privada. O que devemos perceber é que estamos numa sociedade em que todos estão concorrendo e o quanto isso é maléfico, e completo que a índole e ação isolada de uns não pode servir de base para rotular uma instituição ou modo de governo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mundo Coerente ou Do Legado da Miséria





- Ei Filho, anda logo!

- Já vou Mãe, tô pondo o tennis!

- Ande, não temos todo tempo do mundo! E ainda temos muita coisa pra fazer!
Na TV:

- No Pernambunco a Polícia acaba de capturar seis dos líderes do grupo que invadiu a fazenda da Aracruz Celulose ontem à tarde...


Voz do Policial:
- Quando chegamos aqui para tentar fazer por as coias em ordem e retirá-los da propriedade de forma pacífica fomos imediatamente atacados por vandalos com facões e armas de alto calibre que suspeitamos ter vindo do narcotráfico. Já foi apurado que o numero de série das armas apreendidas bate com os registrados nas armas roubadas no assalto ao quartel de Exército em Copacabana...


- Segundo informações da Policia, neste embate 14 invasores morreram e 37 tiveram ferimentos leves e já foram liberados, nenhum Policial ficou ferido na ação...


- Nossa Mãe estes caras não querem trabalhar igual a você, eles preferem roubar tudo.

- É Filho, mas Deus vai condena-los, a justiça divina só favorece os justos. Tá pronto?
- Tô.


No carro:

- Fecha o vidro, esses muleques só enchem o saco! Eles sabem que eu não tenho dinheiro e todo dia vem com essas caras de passa fome...






- Aí que fedô, Mãe! Por que que ele num toma banho?


- Sei lá, são uns porco, uns mendigo!


A voz de fora é calada pela subida do vidro...


- Se você não for pra escola, cê vai ficar assim que nem eles.

- Aí credo!

Pouco tempo depois...


- Merda, esse Shopping só vive cheio!

- Pára ali, ó, Mãe.


Após três horas de compras...

- Mãe, vamos no Mc?

- Ah não! quero comer coisa diferente, chega de lanche.
- Ah, Mãe, você me prometeu que ia comprar o carrinho do Hot Wheels.

-Ai tá bom, mas não me enche o saco que eu quero ir embora logo...


- Eu só vô querer a batata, tá mãe?!

- Vai comer tudo, meu dinheiro não é capim!

- Tia dá um pedaço?


Uma cara de fome...
- Dá um pedaço, Tia?

- Aaah muleque, não tem mãe não?!?
- Não.

Na Rua...

- Mãe, que que é aquilo no carro?

- Puta que pariu! Cadê o maldito filho da puta do flanelinha desgraçado que não olhou meu carro?
- Aí que nojo, Mãe! Tá tudo fedendo a xixi!
- É esse mendigo nojento.


- Caralho que que eu faço agora, não tem ninguém aqui.

- Mãe, eu quero ir embora!
- Peraê que eu vou ligar pra Polícia.
- Anda logo, Mãe! Eu tô cansado!
- Cala boca, seu chato de merda!
Trinta e cinco minutos passados...

- Opa, senhora, você que ligou pra Polícia?

- É, fui eu. É que esse mendigo nojento tá deitado aí, me atrapalhando, e o maldito do flanelinha sumiu.

- Peraê. - Ô vagabundo...(chutinhos) levanta daê, ô seu merda...Puta que pariu, era só o que me faltava. Acho que esse lixo morreu.
- Caralho, e agora? Seu Policial, eu preciso chegar em casa, não posso ficar presa aqui!

- Mãe, vambora!
- Cala boca, muleque, num tá vendo que eu tô conversando?!


Quarenta e cinco minutos passados...

- Até que enfim vamos embora.

Flanelinha manobra o carro com gestos no ar...

- Agora que esse filho da puta vem.

- Cinco conto, sinhora.

- Olha aqui, seu filho da puta, cê vai tomar no seu cú, que eu não sou otária não tá?

- Ou você me dá ou eu te furo toda, sua vaca do caralho!
- Caralho, esse trânsito do caralho não anda!

- Manhê, tô com fome!

- Aah! Dorme, muleque!
Buzinadas


-Caralho, que que esse merda qué com essa carroça velha a essa hora?

- Mãe, porque que ele tá mexendo no lixo?



-Sei lá desse passa-fome! Só quero que ele tire esse monte de entulho da minha frente.

Moça com um bebê na janela...

- Moça, dá um real preu compra leti pra minha fia?... Moça, .... .... Moça, Sum Paulu tá dificil de trabaio, moça...

- Ah!, Cala boca, se tá ruim aqui volta pro nordeste pra curar suas verme, você quer é encher seu cú de cachaça, Eu é que não vou bancar sua pinga, vai à merda!


Arranca com o carro...
Parados no trânsito a mais de uma hora...
- Puta Merda! Vou ter que cortar pela favela, merda!



Na favela...

-Olha lá, olha aquela minina, nem tem peito e já tá de barriga.


- Hã!?!

- Isso é filha que mãe não cuida, fica vagabundinha e logo ranja um bucho!
- Mãe, cuidado com o menino!!!

Freada brusca...

-Eeeh! Menino do carai, sái da frente seu muleque burro filho de um puta!

- Olha Mãe, que muleque folgado, ele tá dançando na sua frente, passa por cima dele!

- Aí tia, pasa a bolsa!

-Ah não, moço! ... Não, moço, não, moço, tô com meu filho aqui... eu tô com criança no carro...
- Chega de papo, tia, passa logo os bagui nessa porra senão eu apago vocês dois aqui mermo!

- Filho da puta, esse muleque, só parei por causa desse merda, agora ele tá fudido...

- Mãe!

Sangue de um corpo que voa...

- Mãe, você matou ele?!
- Sei lá! Quero que se foda! Vamo logo para casa, tô cansada dessa merda!

Em casa...

- Boa noite, Mãe.

- Boa noite, meu Filho. Dorme com Deus e sonha com os anjinhos...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Mercado Animado



Tenho a razoável sorte de poder ter contatos quase que diários com crianças e seu universo infantil, isso me habilita e dizer o quanto o sistema capitalista é inteligente e está longe de quebrar, isto porque sabiamente já temos novos recrutas no exercito do consumo.
Nesta sociedade que ainda é mediada pelo espetáculo das imagens e da informação, temos que usando que sua habilidade e seus recursos tecnicos, a industria de monstrinhos consumistas se faz.

Perdemos, ao subjetivar o consumismo e a logica do trabalho disseminado pelo capitalismo, onde devemos dar nosso sangue sonhando com nossa ascenção financeira, aquilo que poderia nos tornar humanos melhores, a valorização, paralém da papagaiada televisiva, das relações humanas diretas.

Hoje precisamos comprar nossos amigos, familia, e principalmente nossas crianças. Neste ultimo caso, creio que esta situação se arrasta desde a criação da Disney, com sua industria de animação de desenhos e promoção de personagens com outros produtos que ultrapassam a tela da TV e do Cinema. Vivemos um boom de animações que suprem o tempo que não temos e povoam a mente de nossas crianças, nao lhes permitindo escolher e sim lhes impondo o consumo de todos os produtos a elas relacionados: Os Incriveis,. Eras do Gelo, Nemo,
e uma outra serie de personagens que com sua saga fraca e seus efeitos especiais não permitem às crianças vivenciar coisas diferentes, tudo que trabalha o ludico em sua vida é rapidamente esquecido após seus olhos serem iluminados pelos icones do sucesso americano em importar sua cultura, e ainda determina no universo ludico que o que nao é dinamico e engraçado, não presta, nao é atrativo.

O que mais me impressiona é a habilidade de nos apresentar o produto como um programa familia, posto que além de agir de acordo com a psicologia infantil, com uso de estéticas e cores especificas, milimetricamente calculadas, traz para nós adultos as suas piadas que somente para nós faz sentido, com teor politico, ou fazendo metalinguagem a passagens de cinema, ou parodiando programas de TV ligados ao universo adulto, escarancarando para nós que a história nao importa, o que importa é a risada que te torna mais um ser feliz, e seu filho será tambem um ser feliz quando voce lhe der a boa lembranca deste momento familia que passaram juntos, entao de-lhe uma passagem feliz para o Mc Donalds
e lhe compre o bonequinho, e nao se esqueça q ele precisa ostentar seus materiais escolares do seu personagem favorito, e nao suficientemente, compre-lhe roupas e faça sua festa de aniversario com a temática de todos os desenhos que vc e ele virao na sala de cinema.
Nao se esqueca de pedir seu atestado de incompetencia como responsavel por perpetuar a lógica capitalista que jorra pela cultura da potencia cultural, os EUA.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A arte da Estratégia



Nunca se deve tomar uma atitude que demonstre ao seu inimigo ou subordinado que você não é, ou nunca tenha sido, capaz de comandar seu séquito. Isso dá aos que estão se mobilizando contra você a certeza de que se agirem obterão sucesso. Não dê argumentos a todos de que você não possui a mínima autoridade sobre ninguém. E o maior sintoma de sua fraqueza, sua solidão, é o uso por sua parte de seu maior poder de coerção. O uso de força desproporcional indica duas coisas: uma que você está com medo e outra que seu poder já não é legítimo, se é que um dia já foi!

Conto Infantil




Sentiu dentro de si
Um monstro penetrante
Taparam-lhe a boca,
Calando o grito irritante
Rasgaram-lhe a alma
Com um ato sufocante

E lhe dizem que o importante
É ter vida pra viver
E que tudo se ajeita
Que não sabe o que é sofrer
O que resta em sua chama
É o desejo de morrer


Não quer ver anoitecer
Só se vê amedrontada
Fraca, não se defende
Só se lembra amarrada
Da memória torturante
Por um homem lambuzada


Não consegue entender nada
Sua mente em confusão
Sentimentos conturbados
É pior que assombração
Quem ainda espera o príncipe
Vira o foco do tesão


É tão triste ao gritar não
Ter um tapa que assassina
E ainda sentir culpa
Será essa minha sina?
Tratada como cadela
Sendo assim tão pequenina


A vida nos ensina
Mas parece esar mentindo
Diz-nos que o ideal
É seguir sempre sorrindo
É como tapar os olhos
E seguir sempre fingindo


Mãos forte vão te ferindo
Enquanto tenta compreender
Não sabe ser sedutora
Mas o vê enrijecer
Ele cheio de desejo
A menina, seu prazer


Sem deixar esmoecer
Vou manter a esperança
Sempre sonho em um dia
Confiar na Confiança
Que mantenha-se inocente
A Inocência da Criança!




terça-feira, 19 de maio de 2009

Como pensar e agir politicamente?


"A primeira coisa que o intelectual latino-americano tem a fazer é negar-se, desmistisficar-se completamente, sair desse papel de intérprete, de crítico da história, sem uma participação concreta, política. Para ele, a única forma de revolucionar-se é fazer do pensamento e da ação política algo integrado."

Glauber Rocha

Falarei aqui como um indivíduo em constante conflito consigo mesmo. Acho que as palavras mais recorrentes em meus posts (pelo menos na idéia) são Hipocrisia e Incoerência. Eu as uso bastante pois, em se tratando deste que voz fala, a hipocrisia e a incoerência regem, voluntariamente ou não, boa partes das minhas ações. Neste ponto acho que a citação acima casa bem com o que irei questionar.

A frase de Glauber é bem amarrada e lá a situação se resolve. Porém, devo por em questao a relação ação x pensamento. Como disse, falarei como um individuo, nao coomo integrante de um grupo ou algo do tipo. Não que eu acredite que o modo correto de agir seja individualmente, como se o coletivo fosse formado pela soma de ações individuais mas, neste instante devo confessar que diante de algum cenário caótico, onde a harmonia não se encontra ou o comprometimento (pelo menos da forma em que eu o entendo) não é geral ou ao menos explicito do modo ideal , alguns indivíduos devem agir como o fiel da balança.

Muitas vezes me pego maquinando a Revolução, e ela em minha mente é perfeita desde a trama, passando pela execução e chegando às suas benéficas conseqüências. Mas, ao me deparar com as pessoas nas ruas, ou mesmo no meu círculo familiar, vejo que as coisas não são tão simples e maravilhosas. Querendo eu admitir ou não, o capitalismo e sua lógica já está naturalizado por grande parte da população mundial. Conversando com as pessoas, vejo que elas não concordam com muitas coisas no sistema, todavia as mesmas racionalizam sobre sua necessidade de viver e sobreviver da melhor forma possível, crendo que devem batalhar para subsistirem vendendo suas almas aos seus exploradores - que também pensam em grande parte das vezes que nao estão causando mal, que apenas estão agindo para não serem consumidos pelo mercado ou coisa que o valha - e achando que o mundo é assim, que o homem é o lobo do homem, etc. E aqui não nego que há empresários fdps e que o dinheiro muitas vezes traz consigo um vislumbramento que altera o modo de ver as coisas, atingindo inclusive os valores e a ética moral das pessoas. Mas eu vendo de fora e diagnosticando é muito fácil. O que me intriga é pensar no que fazer para quebrar esta lógica naturalizada. Este modus operandi maléfico que desde sua raiz é opressor e excludente, como que se estivéssemos num mundo arquitetado pela seleção natural de Darwin ou com a meritocracia de Lamarck, e nossa luta diária devesse ser pela sobrevivência. Ao andar pelas ruas vejo no olhar das pessoas a falta de perpectivas de mudança (não só em suas vidas no ambito pessoal, mas no mundo como um todo!).

Mas de que adianta minhas elucubrações? Eu não consigo tapar os olhos e dizer que está tudo bem , todavia, também me sinto impotente. Talvez possamos responder á essa impotência agindo politicamente.

Partindo da noção primária do que é Política, que, resumidamente, podemos atribuir sua emergência à ocorrência de uma experiência comum que se fixou como uma idéia. Tal experiência foi o surgimento da Polis na Grécia antiga. Ou seja, o termo Política, não designa coisas como qualquer tipo de governos sob qualquer forma de poder. A Política por excelência é a consequência da criação de um espaço público comum, onde os iguais se relacionam, e estes iguais são grupos que são trocados de acordo com o espaço e o tempo, pois conforme a "História vai se acontecendo" mudam os grupos de interesse/poder e estes fazem o que julgam ser o mais apropriado para si ao se apropriar de tal espaço. Política em seu modo cru, sem más apropriaçoes, e aqui faço sim juizo de valor, é o âmbito da persuasão, onde os iguais debatem, e já sabemos que não nascemos iguais, a igualdade é uma vitória a ser conquistada politicamente. Uma coisa é viver sendo aceito como existente (os negrios existem - isso é biológico) outra coisa é ter voz - aqui é política. Não nego que entre os gregos os iguais eram os cidadãos, assim o que havia era a excluão das demais categorias. Mas, pensando na política no que posso chamar de sua gênese, encaminho aqui para que não se perca a oportunidade uma breve reflexão sobre o que entendo por Coletivo.

Nos vendo como iguais, partilhamos das mesmas habilidades e potencialidades, o que indica que todos podem fazer as mesmas coisas sempre; não há como negar que o resultado talvez não apresentará o que o indivíduo teria de diferencial para mostrar (e sabendo-se que não se deve monopolizar as expectativas de resultado), porém o mesmo senso de coletivo deve ser partilhado por todos, e isso não só para que se superem as paixões individuais, mas porque tal senso possui em seu DNA dois genes o da confiança e o do comprometimento. Assim, todos devem aceitar sua responsabilidade para com o projeto encaminhado. Agindo dessa maneira se supera a lógica, simplesmente porque ela se fará desnecessária, da divisão de trabalho. O que deve haver é uma sincronia harmonica e não uma dependência coletiva. No final tem-se algo que é de todos para um todo maior ainda.

Mas infelizmente a teoria enfrenta o problema da prática. É inocência pensar que divergências não virão, elas virão sempre, e deve-se ser maduro para saná-las. Porém, quando elas fiam implícitas, veladas, escondidas, e as partes envolvidas não as põem em conflito no espaço público, chegamos no mesquinho embate entre o pseudo-culpado e a autoproclamada vítima. Deve-se superar isso, se não se está indo bem, como o trabalho é coletivo, a culpa é coletiva! E geralmente o que está em jogo são os dois genes, o que me leva a dizer que somente é legítimo cobrar das pessoas, nestes dois pontos na confinça que ela deve ter e manter em seus iguais e o seu comprometimento que deve ser sincero com o projeto.

Ou isso, ou vamos para o que é mais fácil, dividir funções, posto que o que os une é o compromisso comum com o projeto, principalmente quando este tem um cunho politico, que será percebido em seus resultados. É uma pena, mas é um modo de resolver as coisas.

Após estas necessárias digressões retoma a questão: como agir e pensar politicamente? Sem deixar de reafirmar que agir politicamente para mim é agir coletivamente, e tal açao é qualificada quando pensada para ter impacto no espaço público, apenas de nào podermos prever se apropriaçao deste sempre será benéfica. Mas o que fazer quando se está sozinho?

Primeiro desmistificar-se no sentido de Glauber, segundo, ao ir à praxis, nao deixando de lado sua teoria, mas casando-a com sua praxis, e isso não de forma desvinculada da realidade, posto que se sua teoria não é práticavel, ou está em outra realidade ou não se quer aceitar o campo de batalha, voltando a esperar o espaço/momento ideal de atuação.

A sua teoria e sua prática, casadas e com possibilidades reais de execução, devem ser levadas com paixão, deve-se ser racional e passional, racional para saber quando parar e passional para tentar até essa última hora. Deve-se perceber se se está como um cão no desrto latindo para as sombras do nada. Deve-se agir sendo coerente e principalmente com bom senso, ter a paixão ponderada pela teoria e a razão. E aqui cabe uma autocrítica, não é necessário ser uma máquina que só age, agir sem pensar é passional ou idiota, pensar sem agir é se omitir, opinião sem ação é o mesmo que nada, é aliás a não-ação o equivalente da açào pelo status quo. Qunado a ação não leva a nada, reflita se politicamente é válido continuar, sendo sincero consigo e com o outro sem soberba, egocentrismos, orgulho exacerbado. E ainda, quando sua reflexão te leva a propôr uma não-ação torne-a pública, é legítimo a não-ação, porém esta será uma não-ação política com expressão no espaço público, não somente no privado.

Parece que levantei aqui um simples manual, mas espero que percebam que tal reflexão se faz necessária principalmente para ser criticada, tanto pelo que posso ter abordado de forma deturpada quanto pelo que não abordei, eou mesmo pelo meu idealismo simplista, entre outros. O espaço virtual "público"da net (limitado pela exclusão digital) possibilita a exposição política dos meus pensamentos, e estes devem ser discutidos neste espaço virtual, que querendo eu adimitir ou não, nos homogeiniza. Tornando-nos iguais, humanos virtuais, veja bem: virtuais e não virtuosos!

E como isto é uma reflexão, reflete um momento pelo qual passo e muito hipocritamente tudo o que escrevi pouco pratico, não saí da crítica, diagnóstico e autocrítica. Não sei se vou melhorar mas, prometo que a minha sensibilidade continuará viva, espero que a de vocês também!

Post sujeito a modificações assim como as teorias, que nunca devem ser rígidas...












terça-feira, 12 de maio de 2009

Pátria-Mãe



Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos



HINO NACIONAL

Parte I

Ouviram do Ipiranga as margens podres
De um povo fraco o passo retumbante,
E o sol da individualidade, em raios fúlgidos,
Ofuscou o céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa submissão
Conseguiram nos entregar sem muito esforço,
O teu cheiro, ó Financeira,
Desafia o nosso cérebro à própria morte!
Ó Pátria otária,
Sempre roubada,
Que alguém te Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De tirar sempre proveito à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Doleiro resplandece.
Idiota pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido banqueiro,
E o teu futuro espelha essa esperteza.
Terra cegada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria tomada!
Dos bancos deste solo és mãe imbecil,
Pátria otária,
Brasil!

Parte II

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, Magnata, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Sobre a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos cofres especulam valores;
"-Esses pobres nao tem vida!",
"-Essa vida" nós que temos "eles tem dores."
Ó Pátria otária,
Sempre Roubada,
Que alguém te salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da injustiça a clava forte,
Só vemos que um filho teu só foge à luta,
Só teme, quem te usurpa, a própria morte.
Terra cegada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria tomada!
Dos bancos deste solo és mãe imbecil,
Pátria otária,
Brasil!

Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva

Atualizado ortograficamente em conformidade com Lei nº 5.765 de 1971, e com
art.3º da Convenção Ortográfica celebrada entre Brasil e Portugal. em 29.12.1943.