sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Atitude


Como é triste ver diariamente como as coisas se dão entre as pessoas. Uns são as ferramentas dos outros, uns se fazem ouvir, outros se fazem calar, outros preferem a informação mastigada em sua boca a seu senso-crítico, a discutir seu cotidiano, seu modo de ver o mundo, o seu modo de pertencer ao mundo - isto já não cabe mais, aliás, nunca coube. Nesse mundo onde deuses supremos fizeram tudo, não se deve qüestionar nada, tudo é assim, pois é assim que deve ser. A sociedade nasceu sob o signo da opressão, onde um quer se impor ao outro, seja por força, seja por intelecto, seja pelo tamanho de sua fé. O domínio das informações, e principalmente do capital, faz de uns máquina e de outros apenas matérias-prima. Descobre-se que as pessoas passam a ser portadoras de valor de uso, quando deveriam ter apenas valor humano. O que é mais preocupante é a apatia geral, o modo como sempre se espera o salvador da humanidade. Alguém virá resolver os nossos problemas, seja um indivíduo enviado dos céus ou não. Será que a revolução partirá do povo? Esta é uma faca de dois gumes: poderemos ter sim uma revolução, mas o que será feito a partir dela? Finalmente uma sociedade igualitária, em que cada um pense em conjunto ao invés de somente pensar em si mesmo? A humanidade deveria pensar em viver seu paraíso agora, a salvação é uma esperança egoísta. Vejo pessoas em lugares que deveriam ser a vanguarda do pensamento nacional, onde se deveria pensar em como resolver os problemas de todos, gastando sua energia em disputas mesquinhas de mérito e lugar no mercado, outros compram discursos fadados ao fracasso e esbravejando retórica falidas tentam demarcar território como cachorro que sai para passear com seu dono e urina sempre no mesmo poste. Se esta vanguarda se respeitasse, se ouvisse, se permitisse interagir por um propósito maior que ela mesma, superar-se-ia a sua mesquinharia, e quiçá a apatia da massa. Aliás, o primeiro passo a se dar seria que cada indivíduo dessa dita vanguarda se respeitasse, olhasse para dentro de si e percebesse qual é sua verdade, a sua angústia, os seus medos e suas forças, Quem sabe assim grande parte dos que dizem – e muitas vezes eles acreditam realmente nisso - representar o povo brasileiro em suas lutas contra o sistema teriam verdadeiras vitórias, vitórias que seriam suas em favor de muitos, diferentemente do que ocorre hoje: guerreiros indo para a batalha com uniforme e grito de guerra de Cézares que apenas querem contabilizar suas vitórias para propagandeá-las. Todos almejam ser Augusto. Como diria Dom Porfílio Diaz, personagem do filme Terra em Transe de Glauber Rocha, “A luta de classes existe! Qual é a sua classe?”. Estais achando boa sua condição de vida? Achas justo tantos passarem fome num mundo onde há alimentos para todos? Concordas com atitudes que pressupõe que você é um idiota, um massificado, uma múmia paralítica, um objeto funcional? Gostas de viver uma vida baseada no consumo, em que o mundo se faz no espetáculo das novidades? Você prefere ser ou ter? Em que acreditas de verdade? Responda isto por si só, permita que seus qüestionamentos venham à tona, e verás seu real potencial revolucionário. A Revolução deve começar dentro de cada um. E somente se efetivará na nossa prática cotidiana de ruptura da ordem vigente. Porém, esta revolução só é possível numa relação em que um e outro sejam o todo. Somente uma Revolução completa derrotará a efetivamente ordem vigente. Não nos permitamos morrer sem sangrar por nossas utopias!

Ps.: Texto publicado por mim em outro blog anteriormente...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gritem!!!