sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

MILK - Um Grito de Ação!



Tive a oportunidade de assistir a este filme pouco depois da festa do Oscar. Por sorte , gostei do que vi. O filme traz a trajetoria de um homossexual, Harvey Milk (Sean Penn), num momento em que ele dá um salto qualitativo em sua vida. Não vou aqui discecar o que se passa no filme, para isso, basta lerem sinopses e/ou preferivelmente assistirem. O filme tem uma narrativa simples, o que poderia nos deixar a impressão de que as coisas simplesmente acontecem, que aquela visão certamente romantizada da vida de um homem somente nos encheria os olhos de lágrimas, mas como disse, o filme trata , na minha visão, de um salto qualitativo na vida de uma pessoa. Aliás tal romantismo me fez até ter enteresse em visitar uma daquelas Wikis para saber melhor quem era o homem Harvey Milk. Vi que a biografia era bastante aproximada do personagem, pelo menos em sua trajetória política, não posso responder pelo seu trato com as pessoas e as coisas.
Enfim, o ponto que quero chegar é que, este filme traz a mim, enquanto ser que almeja a mudança drástica de várias coisas no mundo, no modo como as pessoas se relacionam principalmente, a noção de que não me basta ficar maquinando sobre o modo como as coisas poderiam ser melhores, pensando que uma coisa não está sendo conduzida do modo perfeito, mesmo porque este modo perfeito é relativo, o que devemos fazer é AGIR. Milk era, pelo menos o filme me mostra isto, um homem comum, numa sociedade opressora, que legislava sobre sua vida sem ouvír a ele nem a seus iguais, e Harvey sabiamente, após anos de exilio dentro de si, decidiu abraçar a sua propria causa e gritar! Assim, como digo para vcs gritarem, o seu ultimo grito, para quem sabe alguem escutar sua lamúria! Pois devemos ter em nossos míseras mentes que o homem deixa para a posteridade não seus pensamentos mas o que escreve, fala e faz!

PS.: Não estou aqui fazendo juizo de valor sobre o filme, como vêem este comentario nao é uma critica, é antes um simples apontamento.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Da Militância Alienada


Do que me vale ser um militante, um homem cheio de idéias, o provedor da luz, a fonte de onde advem todas as soluções para o mundo e às pessoas e coisas que nele interagem se eu do alto do meu pedestal, onde fui colocado como um tolo pensando ser sábio, o que aos olhos de quem me deu o abraço com seus elogios rasgados ao meu discurso falído é a visão de um simples asno que foi ludibriado, se eu, o militante, não consigo ver os punhos fechados com as mãos com calos e sangue, talvez cego pela minha própria luz, e não tenho ouvido para os gritos daqueles de quem tenho a inocente presunção de ser o novo Messias.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Saga Nordestina


Venho aqui com humildade
Pra versar o meu refrão
Pois há algo que angustia
Que maltrata o coração
Como pode um ser pequeno
Mas cheinho de amor pleno
Fazer a Revolução?


Como é grande o problemão
Que eu venho lhes falar
Tenho que diariamente
No espelho me indagar
Vejo um homem corajoso
Militante vigoroso
Mas que deixa a desejar


Bonito sabe falar
Nos engana o palestrante
Quem aqui o vê versando
Não percebe o iniciante
À mais leve distração
Perde-se na emoção
E se pega hesitante


Mesmo assim sou confiante
Cheio de conficção
E agora já me devo
Por á prova essa questão
A que sempre me intriga
Que motiva esta cantiga
Que me traz inspiração



Esta grande indagação
Que agora apresento
Pode até lhe assustar
E a mim é um tormento
Mas vocês vão entender
E depois agradecer
Por ouvir o meu lamento


As palavras vão ao vento
E o tempo é um sertão
Vou agora sem demora
Lhes expôr o meu refrão
Como é que um nordestino
Nosso forte celestino
"Cabará cum" figurão?


Nessa inquietação
Me pego diariamente
Inda mais por estes dias
Em que surpreendentemente
Passei pela experiência
Me afetando a consciência
De estar com esta gente


Não muito antigamente
Eu fugia feito louco
Estes pobres nordestinos
Inspiravam-me tão pouco
Vinham com o seu sotaque
Cada causo era um baque
Riso para te deixar rouco


Respeitar-lhes? tampouco
Como? se me irritavam
Esquecia minha origem
E de como trabalhavam
Eu olhava o negativo
Já metia adjetivo
E eu sei que não gostavam

Mas as folhas já falavam
Esse vento já passou
E me pego renovado
Junto a quem se levantou
E enfrento dem de frente
Com orgulho desta gente
Que o tempo humilhou

O sistema já mudou
Mas não as relaçoes
O sinhô ainda insiste
E não quebra os grilhões
E ainda se aproveita
Dessa gente queé direita
Lhes maltrata os corações



O sertão e suas canções
Que retoma sua história
Caminha lentamente
Renovando sua memória
E lutando pela terra
Dando sangue nessa guerra
Derrotando com a vitória

Vou seguindo a trajetória
Atenção você me preste
Nordestino quando falo
Falo de "cabra-da-peste"
Eles colhem o morango
Mas só comem o calango
Em sua sina no agreste

Da coragem fez-se teste
Pois é sempre provação
Como toda "maioria"
É sempre o sonoro não
Que se ouve dia e noite
Dorme, acorda no açoite
Haja força, Lampião!

Faça luz na escuridão
E levante-se, Espada
Vai ser no amanhecer
Uma luta bem travada
Só sem olhos pra não ver
Esta terra a tremer
É o povo em manada!

Uma ação alienada
Esta não vai ser assim
Precisão já não lhes falta
Será mais que isso pra mim
É força além da fome
É aterra o que se come
A guerra não é o fim.

Vai do não fazer o sim
Mas carinho não vai dar
Quantas vezes se tentou
Com o sinhô dialogar?
Capital versus Amor
Falação igual a Dor
E a espada a pegar

Muitos corpos vão deitar
Desde os fracos aos valentes
Ninguém vai querer ceder
Todos vão mostrar os dentes
O mais forte em sua fé
Vai ficar sempre de pé
Manterá seu corpo quente

E levando em sua mente,
Mantigando do seu jeito,
É que essa "maioria"
Carrega em seu peito
Intelectuais idéias
Levantadas em Odisséias
Com a ação em laço estreito

Falarei mais a respeito
Do que move esta nação
Um povo que acredita
Muito na religião
Romaria para os Santos
Eles secam os seus prantos
Trazem chuva de trovão

Ainda temos a questão
Das idéias a falar
Este povo que peleja
Não se deixa aquietar
É promessa que vai e vem
Mas eu sei que eles têm
As idéias no lugar

Eles vão se apropriar
Não do modo que vier
De todas as respostas
Que o intelectual lhes der
Misturando com a esperança
Indo em busca da bonança
Assim como convier

Não importa o que disser,
Essa terra trabalhadora
Tem por dono todo povo
Terra, nossa Manjedoura
Filhos seus iluminados
Foram à força desterrados
Mãe, nos venha Salvadora

Ah Vitória, minha cantora
Devo agora me calar
Julgo que já fui bem claro
Essa gente é de lutar
Canção, Força e Luz
Superação de sua Cruz
Que estão a carregar

Muitas águas vão rolar
Até a Revolução
No futuro de criança
Vê-se a anunciação
Doces gritos como fel
Desse humilde menestrel
Que lhe sejam inspiração!


PS.: Pode ser que eu ainda modifique este cordel em alguns trechos.

Até aqui postei textos que eu havia escrito até o final do ano passado em outro blog, o qual tinha um outro formato e proposta. A partir de agora teremos, somente textos inéditos..........

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Última Parada - Quero Descer!



Tempos atrás tive a oportunidade de assistir ao filme de Bruno Barreto "Última Parada 174". Este filme não se propõe a nada além de fazer um uso parcial não neutro da realidade com recursos melodramáticos e muita verba para por o filme para rodar. Tem uma montagem pobre, pois há partes que, dentro do próprio melodrama poderiam ter sido melhor trabalhadas, dentre elas as cenas nas quais se criam as maiores expectativas: o momento que ele se aproveita da mulher que acredita ser sua mãe e principalmente a parte em que ele toma o ônibus, o cara havia cheirado muito pó para ter reaçoes tão "boazinhas" como as que ele teve com a estágiária. Veja bem , nao questiono o filme por não debater a realidade retratada, ou o sistema capitalista que aprofunda a desigualdade e blablabla, mas no que ele se propoe a discutir que é a condiçao humana, ele trabalha mal, nao se resolve, as açoes sao determinadas pelo fato de ele ser um filho da miséria e se confrontam com a índole que nao é má. Há um conflito constante, que aí talvez possamos até pensar uma questão mais ampla: A formaçao. O personagem principal SANDRO é contraposto a outro ALESSANDRO. O primeiro é um favelado que aos dez anos se torna vítima da violência e vê sua mãe, que apesar da pobreza o criaou amorosamente e lhe passou valores como vida e superaçao, morta, o que de certa forma, é perceptível que o traumatiza. O outro é arrancado ainda bebê dos braços de sua mae que é uma viciada e é criado por um narcotraficante, que o cria para sobreviver e perpetuar a lógica do sistema em que está inserido. A categoria vida para o Alessandro é algo limitado à preservaçao da sua, até que passa a se relacionar com Sandro, que apesar de se deixar levar pelo crime, não possui má indole. Um viveu o amor, e outro que nao sabe lidar com isso passa a desejar isso para si. A questao que quero levantar é, - e isso levando em consideraçao q a familia pode em muitos casos ser dada como uma instituiçao quebrada- diante de um cenário caótico, onde o capitalismo elevou a desigualdade e desta como sintoma temos parte da humanidade rebaixada à miséria do existir, como a Educaçao pode agir como mediadora de conflitos, como a instituiçao portadora e transmissora de valores? É realmente possível através da Educaçao, e nao digo da mecanicista, mas da boa escola, que leve o individuo a se formar como um questionador, e se possível um revolucionario barbudo e vermelho,pq não?, modificar esta realidade, mesmo a longo prazo e ainda sem superar, ou melhor, derrubar o sistema capitalista?Açoes pontuais conseguem realmente ir contra a onda individualizante, mesquinha, opressora, etc. do capital? Eu nao sei, mas continuarei tentando... E enquanto isto recomendo a todos que assitiam a filmes como o Ultima Parada 174, eles nao resolvem nossos problemas, mas nos colocam muitas questoes. http://www.ultimaparada174.com.br/

Meu modo particular de ser vítima e agente


Fim de semestre na faculdade, tensão por todos os lados, ao que se somam os problemas de ordem pessoal/familiar, e ainda os questionamentos políticos. EXPLODI! Estou com meu impulso de coitado à flor da pele. “Vejam como eu sofro!” “Por favor, OLHEM PRA MIM!”. Meu modo particular de ser vítima é olhar para este quadro que apresentei acima, -somado às obrigações empregatícias, dívidas , e a sempre presente, falta de dinheiro – e pensar no sistema que me oprime, e isto já me basta para que eu justifique minhas ações antisociais. Estas ações, cujas conseqüências são por mim imediatamente percebidas, são, geralmente, baseadas no meu belo e maravilhoso sistema auto-defensor do meu EGO freudiano. Eu olho para o outro, e “digo”: “olha tô estressado, então se eu te ‘atropelar’ você não pode ligar, viu?” Numa ação preventiva em que o que parece é que meu estresse, se não o é, será culpa dele, mas todavia, tb o é. Porque muitas vezes eu tento me isolar mas as obrigações não nos permitem não nos relacionarmos, porém , há os que tem um senso de amizade diferente do meu e quando eles o põe em prática a relação fica mais pesada para o meu lado, pois devo me relacionar em momentos em que eu me dispus em me sentir vítima de minha própria conjuntura, e estou lá tentando ser o ser mais mesquinho do mundo porque naquele momento isto é reconfortante. Eu estando mal me fecharia para mim mesmo, num auto-consolo que beira o ridículo mas é funcional. Mas a culpa do outro vem daí, ao termos que por algum motivo estar juntos, ele age de modo a estabelecer um laço que naquele exato momento é falso, e essa aproximação forçada é tentada porque o outro pressupõe que te entende, se duvidar acha que te entende até melhor que vc mesmo! O mais engraçado disto q acabo de falar é que eu faço isso o tempo todo. Mas perceber isso não justifica o fato de eu andar por aí como um burro-de-carga com meu digníssimo tapa olhos dando meus coices por aí. O mais louco de tudo isso é quando eu já demonstrei que sou uma anta limitada e o outro, ou melhor, ou os outros, como aconteceu em nosso belíssimo cineclube Mario Pedrosa - História USP dia 28/11/08 na exibição de Cronicamente Inviável (Bianch, 2000), entrão na disputa de ego com você. Aí vira uma comédia ridícula de disputa egocentrica mesquinha de pequenas vitórias. E qual a solução que eu achei para isso neste dia: 'O RELATIVISMO', mesmo porque não sairíamos dali nunca! E pensando em ação para superar minhas limitações digo: vou continuar tentando, sempre. Vou cineclubar, vou discutir, vou aprender! Eu quero aprender, com calma - me respeitando e tentando respeitar o outro - a controlar meu impulso antidemocratico, autoritário, ditatorial. Porém, antecipo-lhes, que isto não quer dizer assumir uma posição passiva, humilhada. Não é um baixar de cabeça, é simplesmente poder ter orgulho de bater no peito e dizer: Eu estou aqui para tentar superar a lógica sistêmica e não é porque estou empenhado nisso que devo ser um ser com ar superior, pois não adianta eu superar minhas limitações se não for para discutir em pé de igualdade com meus iguais, assim, o que está na mesa é crescer coletivamente, e pretendo conseguir, ou melhor, conseguiremos!



PS.: Post publicado anteriormente por mim em outro blog...

Da Apatia Política


Como é angustiante ver as pessoas questionarem os seus representantes, seja por nao se sentirem representados, seja por questões ideológicas, seja pela ineficiencia ou irresponsabilidade do representante, etc. O que mais angustia é que o reclamante não move o cú para fazer nada, é apenas mais um Arnaldo Jabor, rei das opniões e soluções para o mundo: bela merda! Quantas vezes me peguei fazendo isso? Inúmeras. Quantas vezes agi em funçao do que acredito ser o correto na exercício da representabilidade? Praticamente nenhuma. É um tentando moldar e/ou se impor ao outro. Chega a ser comigo, para nao dizer tragico! Há sempre prioridades pessoais que nos impedem de nos doar. Lembro-me de uma frase de uma aluno do colégio Santa Cruz no filme "Pro dia nascer feliz", em que ela diz que vê a miseria ao seu lado (ou pelo menos através do vidro do carro), quer ajudar mas tem muita coisa para fazer: balé, nataçao, namorar, ... . E aí eu me pergunto: Em que nós enquanto maioria somos diferente desta garota em relaçao à atitude perante as coisas que me incomodam? NADA! Somos apáticos, e o pior é que cobramos a não-apatia dos outros para compensar nossa própria hipocrisia! Devo me policiar para agir mais em prol do que acredito politicamente!

Por que as coisas costumam dar certo?


Estive pensando um pouco na mídia e percebi que lá tudo dá certo! Já perceberão? Tudo que pode dar errado, tudo o que é tragédia, dor e sofrimento, de repente, PUM, não era tudo aquilo! É bem divertido reparar nisso, o fato é que o que é esquecido simplesmente é porque no fim "deu certo!" . Crises econômicas como esta de agora, com o mercado financeiro esperando para entrar em colapso, amanhã será o novo auge do capitalismo, porque o mundo assitirá a uma era de paz e harmonia em pouco tempo, é igual pimenta, arde, mas depois o degustador até que curtiu, porque quando para de arder, ele só se recordade que deu certo! Ele não morreu por isso. Foi uma seleçao natural, e ele estava pronto para superar aquele desconforto. A diferença é que a mídia apresenta a micro notícia e não nos permite ver que, a pimenta de uns (bancos que quebram, capitais que se perdem de repente, ações que desvalorizam e põem bolsas nos patamares mais baixos) é a fome, a miséria, a morte de muitos outros. Eu não vejo citarem na crise a fome africana, a morte nordestina, a pedofilia cambojana, o trafico de gente, enfim, todos os males aplicados aos oprimidos. No maximo fazem uma relaçao de numeros de desempregados e perda de meta de lucro. Tsunami, Tufão, Terremoto, Desmatamento...Tudo é um show de imagens, a disputa pelos melhores angulos e piores coberturas. E o melhor tudo acaba com um belo sorriso depois do futebol e de um grande show de um artista qualquer e o digníssimo e reconfortante "Boa Noite!". Essas reflexões são facéis de se fazer, só é necessario ligar a TV, o problema é que quando nós a desligamos, mesmo após uma larga reflexao sobre sua lógica, vamos dormir, porque o distanciamento do caos que nos foi apresentado nos faz por dentro achar que é assim mesmo e que no final, tudo se supera e aí a lógica televisiva novamente "Deu certo!"

Luis Fernado Veríssimo - Não tenho a data


Injustiça e desordem Por Luis Fernando Verissimo*

Quando Goethe disse que preferia a injustiça à desordem, a Europa recém fora sacudida pela revolução francesa e enfrentava outro terremoto, o bonapartismo em marcha. Sua opção não era teórica, era pela específica velha ordem que os novos tempos ameaçavam. Por mais injusta que fosse, a velha ordem era melhor do que as paixões incontroláveis libertadas pela revolução. Mas a frase de Goethe atravessou 200 anos, foi usada ou repudiada por muitos, na teoria ou na prática e em vários contextos, e chega aos nossos dias mais atual do que nunca. Você não pode pensar na questão agrária brasileira, por exemplo, sem cedo ou tarde ter que se perguntar se prefere a justiça ou a ordem. A injustiça no caso é flagrante e escandalosa. Mesmo que se aceitem todas as teses sobre o desvirtuamento do movimento dos sem-terra e se acate a demonização dos seus líderes, militantes e simpatizantes, a dimensão do movimento é uma evidência literalmente gritante do tamanho da iniqüidade fundiária no Brasil, que ou é uma ficção que milhares de pessoas resolveram adotar só para fazer barulho, ou é uma vergonha nacional. A iniqüidade que criou essa multidão de deserdados no país com a maior extensão de terras aráveis do mundo é a mesma que expulsou outra multidão para as ruas e favelas das grandes cidades, deixando o campo despovoado para o latifúndio e o agronegócio predatório. A demora de uma reforma agrária para valer, tão prometida e tão adiada, só agrava a exclusão e aumenta a revolta. Quem acha que desordem é pior do que injustiça tem do que se queixar, e a que recorrer. As invasões e manifestações dos Sem Terra se sucedem e assustam. Proprietários rurais se mobilizam e se armam, a violência e o medo aumentam, a reação se organiza. Agora mesmo no Rio Grande do Sul, enquanto endurece a repressão policial às ações do MST, um documento do Ministério Público estadual prega a criminalização de vez do movimento, caracterizando-o como uma guerrilha que ameaça a segurança nacional, com ajuda de fora. É improvável que uma maioria de promotores de Justiça do Estado, transformados em promotores de ordem acima de tudo, tivesse abonado o documento como estava redigido, com seu vocabulário evocativo de outra era. Mas ele dá uma idéia da força crescente do outro lado da opção definidora, dos que escolheram como Goethe.

*Luis Fernando Verissimo é escritor. (Este texto foi publicado O Estado de S. Paulo, O Globo e Zero Hora)
Post em homenagem a Nat e Taís...elas curtiram o texto

2001: Uma Odisséia do Caralho


Assisti por estes dias um filme inesquecível: 2001: Uma Odisséia no Espaço, do Stanley Kubrick, 1968 - não sei como falar sobre ele, nem por onde começar. Eu estou há um tempo curtindo ler alguns filmes. Sempre fiquei confuso, louco, chocado, ou coisa que o valha. Porém, nunca fiquei sem palavras!!! Eu simplesmente não sei o que dizer!!!Talvez eu seja limitado intelectualmente, mas este filme me pareceu tao complexo que me levou ao extase, e nao só pelo "tunel"de luzes que dizem dar o mesmo barato de um LSD. É, sei lá: a música com a luz, a fotografia, a aura psicodelica e muito mais ainda o maldito Monolito! Os caras foram muito maus comigo, nao me permitiram nem se quer encontrar algo de claro o suficiente para eu dizer : É isso! Eu só tenho a permissao deles para supor coisinhas, as quais já foram supostas e não vou roubar as hipoteses alheias neste post! Enfim, é um filme que vale a pena ser visto um zilhao de vezes! Porque ele é simplesmente do Caralho! abs

Da Autoridade versus a Construçao Democrática



Por que é tão dificil construir algo para todos de forma coletiva!?!
Amigos se propõem a forjar projetos que tem como intuito mudar focos, criar novas perspectivas, apromirar discussões que já não estão levando nada a lugar nenhum. O grupo faz um diagnóstico negativo do cenário no qual tentarao intervir, concordam em tudo ATÉ QUE CHEGA A HORA DA PRÁTICA!
A prática é o lugar onde as utopias vão para o ralo, suas pieguices, suas demogias, tudo o que vc passou dias filosofando a todos os ouvidos do universo cai por terra.
É muito louco, ao mesmo tempo q é extremamente negativo, o momento em que vc percebe que o seu sonho acabou, que a bacia das almas está lá e a sua deve se candidatar para nao perder sua vontade de viver.
O mundo da CONSTRUÇÀO COLETIVA vira o mundo das AUTORIDADES SE DEGLADIANDO.
Um joga um osso e todos querem roe-lo ao mesmo tempo!
É até divertido, ver amigos xingando um ao outro por trás, sendo que o momento de pôr os egos para brigar, como numa rinha de galos, é no momento em que um está cara a cara com o outro. Isto sim é uma disputa legítima!!! Quando dois nao se ouvem eles fazem um pacto onde um tem que estourar o timpano e as cordas vocais do outro! (Não estou brincando com a língua portuguesa neste momento, a coisa é feia assim mesmo!)
O exercício de auto controle de seu impulso autoritario é que te habilita para ser um ser coletivo, é uma pratica exaustiva, cheia de concessões, o dialogo deve ser mantido sempre na horizontal, etc. (O mundo ideal é sempre perfeito!) Eu poderia ficar horas a fio aqui só idealizando uma boa relaçao entre seres humanos e o exercicío de ouvir o outro para construir algo da forma menos egoista possivel, todavia prefiro questionar a prática!
Como que podemos ser tão ignorantes ao outro? Por que é que nao conseguimos manter uma boa relaçao mesmo tendo um objetivo comum? E pior ainda, como é possivel deixarmos que projetos pensados para atrair outras pessoas para tal interesse comum afastem os primeiros e isto de certa forma desmotive os segundos?
Quando a demagogia é muita a verdade é pouca!
Boa soluçao para isto é que ao menos um lado tome uma postura crítica de sua atitude perante a situaçao e convide seu novo "desafeto" ao dialogo, uma D.R. sobre as brigas e esclarecimento das posições achar os antagonismos, as diferenças e chegar ao consenso. Está atitude deve ser feita urgentemente, e os dois devem ser honestos, pois a hipocrisia no coletivo é algo desprezível.
Agora, que fazer se um ou nenhum dos dois lados quer ceder, se um ou nenhum dos dois lados conseguiu ter esta postura critica de si e conciliadora para com o outro?
Quanto a isso digo : É mais dificil de se lidar com o "Mundo" do que o que a minha vã filosofia pode empreender!
Nao que eu seja um cético temperamental, mas é triste ver quando as coisas nao dão certo simplesmente pq nos limitamos a não ouvir nem a nós mesmos. Quando nos julgamos diferentes dos outros uma hierarquia surge nesta relaçao, nao que eu seja um universalista louco também, e tambem nao estou na busca incessante pela real natureza humana, mas quanto de nossa mesquinharia é fruto do sistema que nos cerca?

A auto- afirmaçao e a hipocrisia


Um fato me ocorre desde que eu fui a uma sessão e discussão do filme Querelle do Fassbinder, 1982, baseado livremente no romance de Jean Genet, Querelle é uma obra transgressora, na qual Fassbinder não faz concessões para transmitir sua visão de mundo ao espectador. Este filme dispensa comentarios quanto a ele mesmo, porém, assim como os que se relacionavam com o visitante no filme teorema, já citado neste blog, eu após ter contato com tal filme me deparei com alguns fantasmas meus. A minha hipocrisia nao me deixava transparecer meu asco para com os homossexuais do sexo masculino. Sempre q via um tentava ser simpatico, para conformar minha alma moralista-liberal, assim, ao mesmo tempo q dizia para mim: vou tentar abstrair deste homem à minha frente os seus desejos sexuais, criando um monstro para mim mesmo: o humano assexuado. Todavia, o que mais me impressiona é q pós o filme eu pude perceber o quanto na verdade minha atitude estava mais para um : Porra! Essa bixa quer me comer e fica caçando assunto! Eu vi no filme Querelle, aquilo que meus olhos nao queriam me deixar ver, assim como a grã-fina liga para prefeitura para q tirem o mendigo de sua porta, mas engana-se dando dinheiro pra uma instituiçao ou pessoa carente - um pequeno consolo para sua alma! As cenas eróticas de um homem desejando e possuindo o outro homem, foi algo q para mim, e digo isto sem o menor receio, causou uma revoluçao interna em mim mesmo, tanto estomacal, pois eu quiz muitas vezes vomitar, quanto de atitude. Mas o que mais me intriga e que após o filme, paralém dos comentarios maldosos, as piadas, os apelidos, as conversas produtivas que tive com o Junior (que por sinal é homossexual) e os abusos morais e sexuais que sofri e sofro por parte do André (acho q este é o nome do cara que fica tentando passar a mao na minha bunda!) e do Ricardo ( que consegue fazer as pessoas acharem que o q me incomoda é o apelido de "Chocadinho", qdo na verdade, meu incomodo vem da minha dificuldade em lidar com isso, com a minha atitude em relaçao a este novo outro para mim), enfim, o que mais me intriga é que eu para me conformar, quase como que quando um ser acaba de sofrer um atentado contra sua vida e tenta viver tudo ao mesmo tempo, eu parti para reafirmar para mim mesmo e, por consegüinte, para a sociedade, minha Macheza, ficando com mulheres com as quais eu mal conversara até entao, isto nao em numero diminuto, mas num salto quantitativo considerável! Quanto medo eu tenho me tornar um gay!!! Eu preciso pingar colirio nos olhos para tirar o que me incomoda o olhar! Minha hipocrisia ainda nao está curada, porém espero postar algo um dia que me permita dizer-lhes o quanto melhorei em relaçao a minha percepçao dos outros.

PS.: Post retomado - ele fora publicado por mim em outro blog anteriormente e se refere a algo ocorrido no 2° semestre de 2008...

Cada dia...


Cada dia me surpreendo mais com a mesquinharia humana. O modo como as coisas são conduzidas e os atos banalizantes que glorificam toda e qualquer forma e expressao de violência diariamente. Minha luta parece ser cada dia mais inglória e assim, ás vezes, e somente ás vezes, bate aquele sentimento vazio e chato de: "é assim mesmo! O mundo não é controlavél á minha maneira, pura e simplesmente pq eu sou um nano-ser diante de um mega-cosmos!" Sei o quanto devemos nos manter como uma torre ereta e sólida, no que diz respeito ao nosso modo militante de pensar, no nosso ímpeto saboroso - mas que ás vezes se apresenta sem sabor algum - de ajudar a humanidade a ser conduzida a um estado de humanizaçao das coisas, e espero que consigam captar o que quero dizer com humanizaçao das coisas. Todavia, nao posso me negar a vontade de expor o quanto ás vezes é confortável deixar as coisas acontecerem por si só, num status quo fofinho, alienante e extremamente destrutivo. A atitude q ultimamente tento tomar é proxima da de viciados: UM DIA DE CADA VEZ! Mas será que minha ansiedade me permitirá aguardar tão pacificante, contruindo a cada dia uma humanidade que melhore gradativa, progressiva e continuamente, ou estarei fadado a desitir e me entregar as facilidades e conforto do status quo, ou rebentarei com os empecilho e partirei para uma açao extrema e suicida em prol de uma revolução!? Só o tempo irá dizer, e enquanto não diz, estou aqui cada dia...

Vivemos no melhor dos mundos Possíveis?




Li um texto do Voltaire chamado "Candido" em que ele debatia com a filosofia de Leibniz usando a figura do personagem filosofo Pangloss. Recomendo este livro e abro aqui esta discussão: Será que nós vivemos no melhor dos mundos Possíveis? se sim ou se não, qual a solução? Concordar com tal afirmaçao nos leva a uma não-ação; discordar também te deixa numa sinuca de bico pois como Marx diz o homem faz a sua história, mas nao a faz como quer. qual o limite do seu soco na história? Até que ponto sua açao individual ou uma açao coletiva pode intervir na vida do indivíduo ou coletivo ou até da história com H maiúsculo? ...

Esquerda, Direita, Esquerda, Direita, Esquerda, Direita, Esquer.........


Eu nao sei mais o que dizer para argumentar entre meus familiares como funciona a diferença entre um projeto e outro, pois na prática partidária e executiva brasileira as relaçoes entre Estado e Empresas são tão obscuras que eu tive que responder primeiro o que era Estado para diferenciá-lo de uma empresa. E o pior é ter que mostrar como seria diferente um governo de Esquerda quando os exemplos que eu uso para aproximar a teoria do cotidiano prático não demonstram diferença nenhuma se comparadas também na prática com um governo de Direita, aliás, muitas vezes parecem ser piores! Num ambiente hostil como este, como é possível criar uma democracia onde verdadeiramente haja uma alternância no poder e nao só de caras na capa da CARAS! Eu quero sair desta situaçao de ter que dizer Esquerda, Direita, Esqu... para as pessoas, para ir para uma onde as coisas sejam claras o suficiente e verdadeiramente genuínas, ou seja, que não se faça um uso maléfico de um "rótulo" teorico-idealista-político que contradiz sua própria prática, pois talvez assim as pessoa consigam exercer sua cidadania de forma plena no momento de praticar a democracia.

Atitude


Como é triste ver diariamente como as coisas se dão entre as pessoas. Uns são as ferramentas dos outros, uns se fazem ouvir, outros se fazem calar, outros preferem a informação mastigada em sua boca a seu senso-crítico, a discutir seu cotidiano, seu modo de ver o mundo, o seu modo de pertencer ao mundo - isto já não cabe mais, aliás, nunca coube. Nesse mundo onde deuses supremos fizeram tudo, não se deve qüestionar nada, tudo é assim, pois é assim que deve ser. A sociedade nasceu sob o signo da opressão, onde um quer se impor ao outro, seja por força, seja por intelecto, seja pelo tamanho de sua fé. O domínio das informações, e principalmente do capital, faz de uns máquina e de outros apenas matérias-prima. Descobre-se que as pessoas passam a ser portadoras de valor de uso, quando deveriam ter apenas valor humano. O que é mais preocupante é a apatia geral, o modo como sempre se espera o salvador da humanidade. Alguém virá resolver os nossos problemas, seja um indivíduo enviado dos céus ou não. Será que a revolução partirá do povo? Esta é uma faca de dois gumes: poderemos ter sim uma revolução, mas o que será feito a partir dela? Finalmente uma sociedade igualitária, em que cada um pense em conjunto ao invés de somente pensar em si mesmo? A humanidade deveria pensar em viver seu paraíso agora, a salvação é uma esperança egoísta. Vejo pessoas em lugares que deveriam ser a vanguarda do pensamento nacional, onde se deveria pensar em como resolver os problemas de todos, gastando sua energia em disputas mesquinhas de mérito e lugar no mercado, outros compram discursos fadados ao fracasso e esbravejando retórica falidas tentam demarcar território como cachorro que sai para passear com seu dono e urina sempre no mesmo poste. Se esta vanguarda se respeitasse, se ouvisse, se permitisse interagir por um propósito maior que ela mesma, superar-se-ia a sua mesquinharia, e quiçá a apatia da massa. Aliás, o primeiro passo a se dar seria que cada indivíduo dessa dita vanguarda se respeitasse, olhasse para dentro de si e percebesse qual é sua verdade, a sua angústia, os seus medos e suas forças, Quem sabe assim grande parte dos que dizem – e muitas vezes eles acreditam realmente nisso - representar o povo brasileiro em suas lutas contra o sistema teriam verdadeiras vitórias, vitórias que seriam suas em favor de muitos, diferentemente do que ocorre hoje: guerreiros indo para a batalha com uniforme e grito de guerra de Cézares que apenas querem contabilizar suas vitórias para propagandeá-las. Todos almejam ser Augusto. Como diria Dom Porfílio Diaz, personagem do filme Terra em Transe de Glauber Rocha, “A luta de classes existe! Qual é a sua classe?”. Estais achando boa sua condição de vida? Achas justo tantos passarem fome num mundo onde há alimentos para todos? Concordas com atitudes que pressupõe que você é um idiota, um massificado, uma múmia paralítica, um objeto funcional? Gostas de viver uma vida baseada no consumo, em que o mundo se faz no espetáculo das novidades? Você prefere ser ou ter? Em que acreditas de verdade? Responda isto por si só, permita que seus qüestionamentos venham à tona, e verás seu real potencial revolucionário. A Revolução deve começar dentro de cada um. E somente se efetivará na nossa prática cotidiana de ruptura da ordem vigente. Porém, esta revolução só é possível numa relação em que um e outro sejam o todo. Somente uma Revolução completa derrotará a efetivamente ordem vigente. Não nos permitamos morrer sem sangrar por nossas utopias!

Ps.: Texto publicado por mim em outro blog anteriormente...