Ao saber que iria assistir ao filme Watchmen já fui preparado para me surpreender positivamente, posto que conversei com alguns amigos que me fizeram boas críticas a este filme, e isto apesar de ter ouvido criticas negativas por parte de um outro grupo de amigos, com os quais tive a oportunidade de trabalhar em cima da graphic novel de Alan Moore, momento este no qual eu fui apresentado para tal obra-de-arte (e aqui digo que não sou grande conhecedor do universo dos quadrinhos para fazer uma análise rebuscada do que representa o Watchmen em comparação com outras obras). O fato é que ao sentar-me na cadeira do cinema, diga-se de passagem uma boa sala com riqueza na imagem e no som, apesar do incômodo causado pelas conversas dos outros, tive a nítida sensação de que algo não iria me agradar até que começou o filme e tive minhas lá dúvidas.
A abertura elíptica é muito bem feita e a escolha da música de Bob Dylan foi perfeita. Então chegamos ao primeiro quadro de Watchmen, a morte do Comediante, um primor. Acreditei piamente ao ver o trailler que seria algo feito com tamanho exagero que eu teria asco na primeira cena, o que não foi verdade. O zoom no botton sorridente foi mega fiel, mas também não havia como deixar de ser, posto que Allan Moore e Dave Gibbons tiveram muito zelo em aproximar a construção do quadrinho Watchmen de uma linguagem fílmica.
A abertura elíptica é muito bem feita e a escolha da música de Bob Dylan foi perfeita. Então chegamos ao primeiro quadro de Watchmen, a morte do Comediante, um primor. Acreditei piamente ao ver o trailler que seria algo feito com tamanho exagero que eu teria asco na primeira cena, o que não foi verdade. O zoom no botton sorridente foi mega fiel, mas também não havia como deixar de ser, posto que Allan Moore e Dave Gibbons tiveram muito zelo em aproximar a construção do quadrinho Watchmen de uma linguagem fílmica.
Aliás, este fato é extremamente relevante ao se fazer a crítica ao filme Watchmen , pois a única coisa na qual seria impossível eles errarem era na fotografia. Enfim, estava eu até então todo contente, vendo a trama se desenvolver razoavelmente bem, as coisas acontecendo numa adaptação muito boa do roteiro no que diz respeito aos fatos. Mas aí me pego questionando a construção dos personagens. Sei que a releitura de qualquer obra literária permite ao releitor modelar fatos e personagens para que eles se ajustem aos seus intentos, mas a coisas que se faz que acabam por detonar com a intenção e áurea da obra original. Pontualmente falando, o Comediante interpretado por Jeffrey Dean Morgan na minha rala captação, posto que não sou especialista em nada, para mim foi o personagem mais bem montado, mais fiel ao construído por Moore. Zack Snyder consegue no Comediante manter sua cosmogonia tão evidente no quadrinho de Moore: o homem que faz uma leitura da realidade e a segue, e que num salto qualitativo, descobre-se fraco diante de uma trama muito mais friamente pensada do que ele considera a sua racional/passional leitura da realidade. O homem que se constrói forte e é visto pelos outros como tal, se pega no auge da sua fraqueza, da sensação de impotência diante de algo imensamente maior do que suas ações pontuais contra a vida e a moral. 
O restante das personagens retomados no filme flutuam entre momentos em que se encontram fiéis aos originais e outros em que apenas aproximam-se da fotografia do quadrinho ou nem isso, um exemplo notório de afastamento do original é o Veidt, vulgo Ozymandias, interpretado por Matthew Goode. A construção do personagem não leva em consideração uma característica basica do Veidt de Moore, a simpatia, a qual o torna um personagem muito menos previsível e enriquece a trama, pois ao ver um personagem simpático que aparentemente zela pela moral e bons costumes fica mais forte a cena em que ele se vê como um fraco, isto no fim da trama de Moore, pois na de Snyder ficou um pastelão, um personagem chapado.
O roteiro de David Hayter e Alex Tse, que adapta a obra publicada na década de 1980, tentando manter a áurea daquele momento,o que é altamente reforçado e com sabedoria ao incluir Bob Dylan, Simon & Garfunkel, Leonard Cohen e Billie Holiday, é bom, traz elementos novos á trama, aglutina acontecimentos em certos momentos que tornam a adaptação rica, todavia peca ao não conseguir trazer á tona o que, na minha modesta opnião, e a essência da hora de Moore, o caráter humano dos personagens.
A obra de Moore traz em si uma questão básica: Como seria um mundo real onde os heróis e super heróis realmente existissem? Para tanto ele retoma de modo particular heróis já existentes em nosso imaginário criado por outros artistas dos quadrinhos, construindo personagens que tem como traço principal o fato de poder ser qualquer homem comum, independentemente de possuir habilidades mega excepcionais ou não. São indivíduos que por alguma questão particular decidiram fazer a justiça, a partir de sua cosmogonia, com as próprias mãos. E para a construção se tornar o mais verídica possível, posto que devemos pensar este mundo como sendo uma possibilidade real, ou seja o nosso, Moore sabiamente nos põe a vista personagens paralelos que podemos considerar como o leitor dentro da obra, são as pessoas que você encontra casualmente na esquina. Pessoas como o jornaleiro, que pode nos dar a noção aproximada do que chega aos olhos e ouvidos do homem comum que vive sua vida no dia-a-dia de trabalho, sofrendo as indagações/expectativas do que será do nosso amanhã -neste caso, ele, assim como muitos, constrói sua leitura dos fatos através do que lhe é acessível: o jornal de cada dia. Ele é de tamanha inocência que representa muito bem o povo comum. Outros problemas humanos, aqui na esfera privada, e no choque da esfera privada com a esfera pública aparece em outros personagens, com o psicólogo e sua mulher, o casal de lésbicas, etc. É relevante para nós o fato de que tais personagens paralelos não possuem biografia dentro do quadrinho, diferentemente dos heróis da trama, que nos são apresentados principalmente em suas motivações para a ação (creio que excepto o Comediante).
No filme, a ausência deste personagens paralelos tira dele a sua essência e deixa somente um filme com fotografia, música e fatos legais, um bom blockbuster. Entendo que exigir de uma linguagem a reprodução fiel de outra é meio que mesquinha presunção de gente xarope, mesmo porque talvez neste excesso de zelo poderíamos ter um filme enfadonho, o que não é o caso deste, mas o filme, na ânsia de ser ou não copia perdeu-se e assim se apegou aos fatos e ás soluções para transplantar passagens de uma linguagem para outra. Ressalto que gostei muito do desfecho, enquanto solução de uma trama, não da construção dele, pois o fato de o Ozymandias ser o homem mais inteligente do mundo e ter habilidades físicas magnificas, não fazia dele um homem mau, no sentido maniqueísta, o que ocorre com a escolha de Zack que mantém os diálogos, mas perde-se a essência, assim era melhor não ter feito nada!
Ps.: A sacada para a brochada do Dan (Coruja II interpretado por Patrick Wilson - que na minha opnião é o personagem que mais se aproxima de homem comum no filme como um todo, apesar de esteticamente sua armadura matar o personagem de Moore) foi genial: ao invés de por a cena em que rola a brochada o contraponto do Veidt no auge de sua forma dando saltos na TV, atrasaram a "piada" para o momento em que efetivamente o Dan demonstra sua virilidade para a Espectral, Malin Akerman, após terem agido novamente como heróis na cena do incêndio e ao som de "Aleluia" vemos o Arquimedes (a nave) expelir fogo, numa clara referencia á ejaculação do nosso digníssimo.
Ps.2: O Roscharch, Jackie Earle Haley, também ficou bem construído, mas isso é apenas o dever, pois o personagens de Moore não apresenta nenhuma alteração de humor ou de convicção, o que torna muito simples transplanta-lo para o mundo cinematográfico.
Ps.3: Gostei da solução final para o desfecho do filme porque, apesar de tornar o agente causador da destruição que é externo num agente interno - Dr. Manhattan, Billy Crudup - a leitura de que a Veidt racionalmente propõe para a união dos povos a emergência de um medo muito maior, ou seja o terror, foi mantida, e alias foi muito feliz tal solução pois permitiu cortar do filme muitas partes que não precisaram entrar na trama proposta pelos roteirista, por não influir diretamente em tal desfecho , exemplo disto é a ausência do mistério em torno do desaparecimento do escritor Max Shea.
PS.4: Eu não tratarei aqui das questões políticas, históricas, sociológicas, e tals as quais podem ser largamente discutidas nos comentários.
PS.5 : depois eu ajeito as imagens direito.

O restante das personagens retomados no filme flutuam entre momentos em que se encontram fiéis aos originais e outros em que apenas aproximam-se da fotografia do quadrinho ou nem isso, um exemplo notório de afastamento do original é o Veidt, vulgo Ozymandias, interpretado por Matthew Goode. A construção do personagem não leva em consideração uma característica basica do Veidt de Moore, a simpatia, a qual o torna um personagem muito menos previsível e enriquece a trama, pois ao ver um personagem simpático que aparentemente zela pela moral e bons costumes fica mais forte a cena em que ele se vê como um fraco, isto no fim da trama de Moore, pois na de Snyder ficou um pastelão, um personagem chapado.
O roteiro de David Hayter e Alex Tse, que adapta a obra publicada na década de 1980, tentando manter a áurea daquele momento,o que é altamente reforçado e com sabedoria ao incluir Bob Dylan, Simon & Garfunkel, Leonard Cohen e Billie Holiday, é bom, traz elementos novos á trama, aglutina acontecimentos em certos momentos que tornam a adaptação rica, todavia peca ao não conseguir trazer á tona o que, na minha modesta opnião, e a essência da hora de Moore, o caráter humano dos personagens.
A obra de Moore traz em si uma questão básica: Como seria um mundo real onde os heróis e super heróis realmente existissem? Para tanto ele retoma de modo particular heróis já existentes em nosso imaginário criado por outros artistas dos quadrinhos, construindo personagens que tem como traço principal o fato de poder ser qualquer homem comum, independentemente de possuir habilidades mega excepcionais ou não. São indivíduos que por alguma questão particular decidiram fazer a justiça, a partir de sua cosmogonia, com as próprias mãos. E para a construção se tornar o mais verídica possível, posto que devemos pensar este mundo como sendo uma possibilidade real, ou seja o nosso, Moore sabiamente nos põe a vista personagens paralelos que podemos considerar como o leitor dentro da obra, são as pessoas que você encontra casualmente na esquina. Pessoas como o jornaleiro, que pode nos dar a noção aproximada do que chega aos olhos e ouvidos do homem comum que vive sua vida no dia-a-dia de trabalho, sofrendo as indagações/expectativas do que será do nosso amanhã -neste caso, ele, assim como muitos, constrói sua leitura dos fatos através do que lhe é acessível: o jornal de cada dia. Ele é de tamanha inocência que representa muito bem o povo comum. Outros problemas humanos, aqui na esfera privada, e no choque da esfera privada com a esfera pública aparece em outros personagens, com o psicólogo e sua mulher, o casal de lésbicas, etc. É relevante para nós o fato de que tais personagens paralelos não possuem biografia dentro do quadrinho, diferentemente dos heróis da trama, que nos são apresentados principalmente em suas motivações para a ação (creio que excepto o Comediante).

No filme, a ausência deste personagens paralelos tira dele a sua essência e deixa somente um filme com fotografia, música e fatos legais, um bom blockbuster. Entendo que exigir de uma linguagem a reprodução fiel de outra é meio que mesquinha presunção de gente xarope, mesmo porque talvez neste excesso de zelo poderíamos ter um filme enfadonho, o que não é o caso deste, mas o filme, na ânsia de ser ou não copia perdeu-se e assim se apegou aos fatos e ás soluções para transplantar passagens de uma linguagem para outra. Ressalto que gostei muito do desfecho, enquanto solução de uma trama, não da construção dele, pois o fato de o Ozymandias ser o homem mais inteligente do mundo e ter habilidades físicas magnificas, não fazia dele um homem mau, no sentido maniqueísta, o que ocorre com a escolha de Zack que mantém os diálogos, mas perde-se a essência, assim era melhor não ter feito nada!
Ps.: A sacada para a brochada do Dan (Coruja II interpretado por Patrick Wilson - que na minha opnião é o personagem que mais se aproxima de homem comum no filme como um todo, apesar de esteticamente sua armadura matar o personagem de Moore) foi genial: ao invés de por a cena em que rola a brochada o contraponto do Veidt no auge de sua forma dando saltos na TV, atrasaram a "piada" para o momento em que efetivamente o Dan demonstra sua virilidade para a Espectral, Malin Akerman, após terem agido novamente como heróis na cena do incêndio e ao som de "Aleluia" vemos o Arquimedes (a nave) expelir fogo, numa clara referencia á ejaculação do nosso digníssimo.
Ps.2: O Roscharch, Jackie Earle Haley, também ficou bem construído, mas isso é apenas o dever, pois o personagens de Moore não apresenta nenhuma alteração de humor ou de convicção, o que torna muito simples transplanta-lo para o mundo cinematográfico.
Ps.3: Gostei da solução final para o desfecho do filme porque, apesar de tornar o agente causador da destruição que é externo num agente interno - Dr. Manhattan, Billy Crudup - a leitura de que a Veidt racionalmente propõe para a união dos povos a emergência de um medo muito maior, ou seja o terror, foi mantida, e alias foi muito feliz tal solução pois permitiu cortar do filme muitas partes que não precisaram entrar na trama proposta pelos roteirista, por não influir diretamente em tal desfecho , exemplo disto é a ausência do mistério em torno do desaparecimento do escritor Max Shea.
PS.4: Eu não tratarei aqui das questões políticas, históricas, sociológicas, e tals as quais podem ser largamente discutidas nos comentários.
PS.5 : depois eu ajeito as imagens direito.
É isso.

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